segunda-feira, 28 de dezembro de 2009
Matérias do Jornal Gazeta do Sul
PRÉDIOS HISTÓRICOS > CONSTRUTORA VAI BUSCAR NA JUSTIÇA O DIREITO DE SEGUIR COM PROJETO QUE FOI BARRADO
A liminar que na semana passada proibiu a Prefeitura de autorizar a construção de um edifício de 15 andares para preservar um imóvel considerado histórico iniciou nova discussão sobre o patrimônio arquitetônico em Santa Cruz do Sul. O diretor da empresa responsável pela obra, a Vêneto Empreendimentos Imobiliários, afirma que a decisão abre precedente para outros casos e coloca em dúvida prédios que já foram erguidos na mesma situação.
O projeto barrado é de um edifício de luxo, com um apartamento por andar, na Rua Rio Branco, quase na esquina com a Rua Galvão Costa. A liminar foi solicitada pelo Ministério Público (MP) e vale até o julgamento da ação que tramita desde 2004 na 2ª Vara Cível do Fórum da cidade, cobrando justamente a proteção de 62 imóveis arrolados em um inventário elaborado pela Unisc sob encomenda do Executivo.
A preocupação da Promotoria de Defesa Comunitária é quanto ao impacto que a construção desse prédio, com mais de 40 metros de altura, poderá causar sobre o sítio da família Schütz, que fica do outro lado da rua. O castelinho, como é conhecido, foi erguido em 1922 e consta no inventário do patrimônio histórico do município. Há menos de um mês, os proprietários entraram com pedido de tombamento voluntário do imóvel (a solicitação ainda tramita no Executivo), o que levou o MP a tentar frear a construção do prédio ao lado.
O diretor da Vêneto, o engenheiro civil Astor Grüner, questiona a decisão. Diz que é defensor da preservação do patrimônio arquitetônico, mas entende que a medida deveria valer para a propriedade, sem causar problemas para o entorno. “O prédio tem que ser preservado, mas não tem importância suficiente para afetar a economia do entorno”. No ano passado, a Prefeitura solicitou ao Centro de Pesquisas e Qualidade Urbana e Rural (Cipur) um novo inventário dos prédios, entre públicos e privados, analisando a lista feita pela Unisc. A conclusão foi de que apenas 28, dos 61, deviam ser elencados como parte do patrimônio histórico-cultural. E o castelinho dos Schütz não estava entre eles.
Por isso, o engenheiro acredita que o imóvel não tem força suficiente para sustentar um processo de tombamento. Além disso, lembra que há poucos anos foram erguidas novas construções dentro do sítio dos Schütz, ao lado do prédio, alterando as características originais – um dos preceitos da preservação arquitetônica. “Inclusive há uma nova obra lá em andamento neste momento. Como pode o proprietário querer trancar uma obra que está fora de seu terreno e dentro promover uma nova construção?”, questiona.
ANÁLISE
Para Grüner, o pedido do MP abre um precedente. “E os outros empreendimentos que estão tramitando no entorno dos 61 prédios históricos restantes, esses podem seguir? A partir dessa liminar, todos os outros prédios têm que ser analisados”, entende. Na visão do diretor da Vêneto, o edifício na Rio Branco não interfere em nenhum aspecto. “É um apartamento por andar, então não vai nem impactar no trânsito. E o projeto prevê uma arquitetura bonita. Não é um espigão quadrado. Ele só é alto, mas está dentro da legislação”.
A empresa está estudando as medidas legais cabíveis em relação à liminar e pretende entrar na Justiça para garantir a continuidade do projeto, que travou antes que pudesse ser aprovado pelo Executivo. A ideia da empreiteira era iniciar a construção no primeiro semestre do ano que vem. O prazo estimado para a conclusão é de 40 meses.
Decisões semelhantes engessariam o Centro
A legislação federal que regula os prédios históricos tombados protege 200 metros de entorno dos imóveis. Sem lei municipal, o arquiteto Astor Grüner realizou um estudo que mostra como ficaria o Centro de Santa Cruz do Sul caso fosse aprovada a proteção dos 62 prédios elencados no inventário de 2004. As simulações, feitas a partir da localização de cada uma das residências e estabelecimentos, projetaram as áreas que não poderiam ser modificadas com raios de 50 e 100 metros de entorno.
O resultado é, como definiu Grüner, um aparente engessamento do Centro. “Como no caso do castelinho do Schütz, áreas nobres da cidade vão sofrer interferência por conta de um pensamento individual”, afirma. O arquiteto diz que defende e inclusive participou de reuniões para a elaboração de legislação para preservar o patrimônio histórico. Contudo, entende que, fora os prédios apontados pelo Cipur com potencial de tombamento, os demais devem ser protegidos, mas sem afetar os entornos. “É um problema que a comunidade tem que começar a pensar. É algo que tem que ser muito bem debatido para não prejudicar a economia da cidade”.
Respeito ao tombamento histórico X Engessamento do centro
Empresário afirma que castelinho não conserva mais características originais
Detalhe de como ficaria o Centro com proteção de
Na minha breve passagem por Santa Cruz do Sul, me deparei no jornal local a “Gazeta do Sul” com um velho impasse, uma construtora querendo fazer “melhoramentos” na cidade versus a integridade de um prédio em processo de tombamento. Gostaria de citar algumas coisas que não estão presentes na versão on-line do jornal. O engenheiro civil Astor Grüner, da incorporadora interessada na construção do prédio de 40m de altura de alto nível com um apartamento por andar, em palavras do eng. não causaria grande impacto no transito de veículos local por ter poucos moradores. Outro fator não citado é que a construção com pretensões de tombamento foi muito modificada nos últimos anos, e teve seu pedido de tombamento por conta dos proprietários que utilizam atualmente o imóvel como escola de idiomas.
Quanto ao estudo do engenheiro civil Astor Grüner (da incorporadora) defendendo seu ponto de vista, leva em conta todos os imóveis possíveis de tombamento, que ainda não foram avaliados...
Deixo a cargo dos amigos blogueiros dar suas opiniões, o que vale mais a pena afinal? Continuar dando vida ao centro da cidade com novas construções e atrair a população para morar no centro da cidade ou preservar os prédios históricos e desenvolver outras táticas de ocupação do centro?
http://www.gazetadosul.com.br/default.php?arquivo=_noticia.php&intIdConteudo=125439&intIdEdicao=1971
http://www.gazetadosul.com.br/default.php?arquivo=_noticia.php&intIdConteudo=125440&intIdEdicao=1971
quarta-feira, 23 de dezembro de 2009
Pérolas da Arquitetura
comunidade: Pérolas de Alunos ARQUITETURA
http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=1153831
tem coisas interesantes, tipo esssa...
vidro
"Professor, existe vidro curvo?
E o professor, pra não deixar por menos, retrucou:
" E por acaso a senhorita bebe água em copo quadrado???"
quinta-feira, 17 de dezembro de 2009
uma questão de estilo...
Recebi isso através da lista de emails da NAUbr (Nau de Arquitetos e Urbanistas)...
para assinar: naubr-subscribe@yahoogrupos.com.br
terça-feira, 15 de dezembro de 2009
terça-feira, 24 de novembro de 2009
Uma peça legal
Parece uma peça legal, ainda não vi, mas trata de um assunto bem arquitetônico.
Vai rolar dia 1,2,3 e 8,9,10 de dezembro 21h
No teatro Hebraica - General João Telles,508
ARGUMENTO
As grandes cidades para agregar uma quantidade maior de pessoas em lugares privilegiados acabaram criando os grandes edifícios. Lugares centrais e de grande fluxo tiveram sobre sua área grandes construções com o que havia de mais moderno e avançado. Porém o tempo foi gradativamente corroendo as estruturas e os edifícios foram decaindo. A conseqüência foi a criação de um cinturão de pobreza em volta. Este fenômeno determinou o afastamento de moradores dos centros urbanos e a ocupação de uma população pobre em torno. Os edifícios de luxo destes lugares entraram em franca decadência. Tornaram-se monumentos ao passado e sofreram uma drástica mudança em seus condomínio. Antigos proprietários, profissionais liberais, empresários, representantes das classes dominantes e aristocratas deram lugar a estudantes, trabalhadores assalariados, biscateiros vivendo de pequenos bicos, atores, escritores e e aventureiros vindos do interior ocupam o então luxuoso prédio agora com alugueis aviltados. A voracidade do mercado por sua vez passa a mudar a fotografia da cidade de forma constante. Prédios antigos ora transformados em pardieiros e em “balança, mas não cai” sucumbe à especulação imobiliária e dão lugar a modernos empreendimentos, escritórios executivos, salas inteligentes, informatizados e auto-sustentáveis, ecologicamente correto, usando material reciclado e de alto nível prontos a servir a um cliente cada vez mais rico e mais exigente. A destruição de patrimônio arquitetônico não dá conta das milhares de vidas que ali passaram, construíram, tiveram filhos, se separaram, amaram e morreram.
SINOPSE
LARISSA NÃO MORA MAIS AQUI é uma história destas. O Edifício Comendador Siqueira foi criado nos anos 50 como ultimo grito na construção civil. Apoiado na euforia de um Brasil campeão do mundo foi investido de todas a regalias que o ufanismo utópico podia oferecer. Elevadores com pantográficas. Recepção com amplos arcos e grandes corredores, quartos imensos e pé direito alto marcaram o uso exorbitante dos espaços. Os primeiros moradores viveram o apogeu do prédio, mas e criou em torno pequenas favelas para albergar a mão de obra necessária para manter o luxo. Aos poucos a decadência toma conta e o mar de favelas cresce em torno do Edifício Comendador Siqueira. Os alugueis caem e os novos inquilinos tentam manter a dignidade de suas vidas nos dias de hoje. Até que novas propostas do mercado imobiliário de compra do edifício e subseqüente demolição para criação de um ultra moderno super centro de negócio totalmente auto-sustentável e ecologicamente correto é projetado. A história dos últimos moradores do edifício combina com um retrato social da nossa sociedade, ilhada, oprimida, falida, moralmente indecisa e assustada.
A trama começa com a proposta de demolição ao qual os moradores tentam resistir. Entendem que aquele lugar representa uma cidade que eles sonharam e não aceitam de modo algum o oferta de compra pelo pull de investidores.
A partir de então vemos os o dia-a-dia dos moradores e toda a gama de pessoas que vivem no edifício.
sexta-feira, 13 de novembro de 2009
Então lá vai...
Pessoal, como estamos há um bom tempo sem postar nada vou tentar retomar o blogue com algo polêmico. Seguem alguns links de fatos do mundo da arquitetura que me chamaram a atenção. Não especificamente pela respectiva pertinência de tais acontecimentos, e sim pela patética situação que se encontra a arquitetura contemporânea..
http://www.archdaily.com/40755/the-berg-the-biggest-artificial-mountain-in-the-world/
http://www.archdaily.com/40470/taipei-pop-music-center-aedas/
(queria enviar esse, mas parece que o negócio é tão patético que retiraram do blogue!mas podemos ter uma idéia do negócio no link abaixo)
http://apt.jauderho.com/post/240738548/taipei-pop-music-center-aedas
e por último este..
http://www.archdaily.com/20783/taipei-performing-arts-center-proposal-by-francois-blanciak-architect/
Mas gostaria de problematizar um pouco..
Muitos são os que consideram a sede por novidades da mídia especializada um dos motivos da decadência da disciplina e do respeito pelo profissional arquiteto. Outros acreditam justamente o contrário...
a situação é paradoxal, como podemos ver no questionamento de Koolhaas:
"an ambiguous status of not being taken seriously, but having unlimited amounts of media attention"
A questão é: a facilidade de difundidir novos fatos através das novas mídias, sobretudo a internet e "blogues" que apresentam novidades diariamente, como Archdaily (o nome já diz tudo..) e Plataforma arquitetura, maximizam essa condição de esvaziamento de significado e relevância da arquitetura supostamente iniciado pela mídia impressa?
Acredito que estes blogues realmente estão sim fazendo um desserviço à arquitetura. Não digo isso pela qualidade dos exemplos escolhidos, mas sim pela forma que são apresentados, normalmente sem nenhuma crítica, puramente descritos em textos rasos e material gráfico superficial...
Já escrevi demais e creio que vocês não estão merecendo tanto.. compartilhem suas opiniões ou...
VAMOS FECHAR ESSA BIROSCA!!!
quarta-feira, 11 de novembro de 2009
sexta-feira, 23 de outubro de 2009
terça-feira, 25 de agosto de 2009
Max Haus
O uso de uma nova tecnologia de construção, em que os espaços ficam livres para que o dono opte por como quer seu interior, já é bem comum no exterior, mas aqui no Brasil é algo relativamente novo. Um novo empreendimento imobiliário veio para mudar isso, é o Maxhaus, um conceito que aposta na individualidade e na exclusividade. Maxhaus se baseia num sistema de arquitetura aberta, isso significa que os apartamentos não possuem planta definida, não possuem paredes nem divisões. São espaços livres, sem colunas e vigas. Com exceção do banheiro e da cozinha, nada é pré-fixado pela construtora. Os compradores têm total liberdade para configurar a planta do imóvel da maneira que desejarem, pode ter um, dois, três ou nenhum quarto. Para diferencia-lo ainda mais de outros empreendimentos o piso é em cimento queimado, teto em concreto aparente, maior isolamento acústico com lajes de 16 cm de espessura. “A Arquitetura Aberta permite que cada um imprima a sua marca no jeito de morar. Estamos na era da individualidade, da personalização. O mercado imobiliário não acompanha este novo estilo social dominado pela arte, criatividade, i-pod, blogs, piercing, entre outros elementos de auto-expressão. A necessidade de ser único é cada vez maior. E ser único pode significar mudar sempre. Nada do apartamento bonitinho igual ao da revista”, explica José Paim, presidente da Max Casa, empresa que desenvolve o conceito do MaxHaus.Paim afirma ainda que a possibilidade de “evolução” é outro fator que distingue o MaxHaus dos outros projetos imobiliários: “O mais incrível do sistema MaxHaus é que o morador pode mudar o apartamento quando quiser, de acordo com a evolução da sua história. Ao clique do seu mouse”, ressalta Paim. “Nosso empreendimento está apoiado em liberdade, tecnologia, design e serviços. Esta proposta não passa pelo eixo do bonito ou feio, mas sim do autêntico, do verdadeiro e da cara do morador, o autor da própria história”, complementa. As primeiras unidades do apartamento MaxHaus serão lançadas nos bairros de Moema, Morumbi, Alphaville, Mooca e Anália Franco em São Paulo, e custam em média R$ 180 mil. O comprador recebe um apartamento de 70m² praticamente em branco: apenas o teto e as paredes com inúmeras possibilidades de personalização do imóvel. Para demonstrar o conceito, a incorporadora MaxCasa contratou o feitio de um site muito detalhado, ele é uma prévia do que o projeto pode criar. A interatividade permite que qualquer um crie seu próprio MaxHaus virtual. “O site é completamente interativo e com design arrojado. Pretende ser o elo entre o consumidor e o empreendimento. Vamos instigá-los, criar um vínculo, uma história. Por isso adotamos todas as ferramentas de interatividade. Queremos que o internauta visualize, se inspire e deseje morar no MaxHaus”, afirma André Matarazzo, diretor da agência Gringo, a responsável pelo site. Confira www.maxhaus.com.br e divirta-se criando seu próprio Maxhaus
Cabe uma reflexão, já que o design é tão valorizado e o design do prédio? E a cidade?
fonte: http://arqrobertaleal.blogspot.com/
quarta-feira, 19 de agosto de 2009
Plebiscito IDIOTA!!!!
O plebiscito forjado na ignorância, que não sabe nem o que está em jogo, vai decidir neste domingo entre o inferno e o purgatório para a área do estaleiro.
A humildade é a virtude mais valiosa nos dias de hj, em que somos dominados pelo pecado capital da soberba, sem perceber que nos destruímos um pouco mais a cada dia.
Considerando o estado das coisas é que me sinto cada vez mais mudo diante da falácia da ECOidiotice versus o interesse inescrupuloso da especulação imobiliária.
Só me resta rezar para que a crença no céu e no inferno seja a verdade universal e que os pecadores queimem no fogo do inferno, depois desta idade de trevas que enfrentamos na arquitetura e no urbanismo.
Ass. DEUS
domingo, 9 de agosto de 2009
Orai por nós, Saramago!
"Arquitetura é como uma brincadeira para mim", declarou Brad Pitt ao site I'm Not Obsessed. "Quando você é garoto, brinca com Lego e fica interessado em saber como as coisas funcionam".
O ator ainda revela que, quando está estressado, recorre ao assunto para esquecer dos problemas. "Se tenho alguma coisa me perturbando, minha mente foca na arquitetura. Ando pelo jardim e começo a pensar em que é preciso para que uma casa fique estruturada", explica.
"É como um quebra-cabeças, como palavras-cruzadas ou qualquer coisa em que possa ocupar minha cabeça. É um alívio para mim".
sábado, 18 de julho de 2009
Julius Shulman
http://www.archdaily.com/29457/julius-schulman-1910-2009/
Abraços,
Donadussi
quarta-feira, 15 de julho de 2009
Saramago e Siza
Com curiosidade li este pequeno comentário de José Saramago a respeito do valor da obra de Álvaro Siza. O belo texto parece bastante pertinente, sendo assim, resolvi dividi-lo com os colegas:
Siza Vieira
Toda a arquitectura pressupõe uma determinada relação entre a opacidade natural da maioria dos materiais empregados e a luz exterior. Os grossos muros românicos abriam-se dificilmente para que a claridade do dia movesse, num espaço que parecia recusá-las, as sombras que precisamente iriam dar-lhe sentido. A sombra é o que permite fazer a leitura da luz. O gótico rasgava-se verticalmente em vitrais que, dando passagem à claridade, ao mesmo tempo a matizavam para resgatar no último instante o efeito misterioso da penumbra. Mesmo nos modernos tempos, quando a parede é, em grande parte, substituída por aberturas que quase a anulam, que a fazem desaparecer em absurdos revestimentos de vidro que diluem os seus próprios volumes num processo de caleidoscópicas reflexões e projecções, a necessidade de apoio de que o olho humano não pode prescindir procura ansiosamente um ponto sólido onde possa descansar e contemplar.Não conheço na arquitectura moderna uma expressão plástica em que o primórdio da parede seja tão importante como na obra de Siza Vieira. Esses muros longos e fechados surgem, à primeira vista, como inimigos inconciliáveis da luz, e, ao deixarem-se finalmente perfurar, fazem-no como se obedecessem contrariados às inadiáveis exigências da funcionalidade do edifício. A verdade, porém, segundo entendo, é outra. A parede, em Siza Vieira, não é um obstáculo à luz, mas sim um espaço de contemplação em que a claridade exterior não se detém na superfície. Temos a ilusão de que os materiais se tornaram porosos à luz, de que o olhar vai penetrar a parede maciça e reunir, em uma mesma consciência estética e emocional, o que está fora e o que está dentro. Aqui, a opacidade torna-se transparência. Só um génio seria capaz de fundir tão harmoniosamente estes dois irredutíveis contrários. Siza Vieira é esse taumaturgo.
Originalmente publicado em "O Caderno de Saramago"
http://caderno.josesaramago.org/2009/07/15/siza-vieira/
segunda-feira, 29 de junho de 2009
POLÊMICA
http://www.archdaily.com/24801/hotel-fouquet-barrier-eduard-fanchanc/
sábado, 20 de junho de 2009
Hotel lua (Quem poderá nos defender???)
sábado, 13 de junho de 2009
Vídeos de Arquitetura
No youtube é possível encontrar vídeos de excelente qualidade como os conhecidos da série Architecture do canal Eurochannel ou da série sobre arquitetos espanhóis (incluíndo aí, Álvaro Siza como convidado) Elogio de la luz, produzido pela rede espanhola TVE.
Abaixo, segue a primeira parte do programa sobre o magistral arquiteto Rafael Moneo
quinta-feira, 11 de junho de 2009
Atual situação da FAU-USP
quarta-feira, 10 de junho de 2009
Proposta para Sobre-Cobertura da sede da FAU-USP
Saiu no Vitruvius um projeto bastante interessante para a reforma da cobertura do edifício da FAU, obra do mestre Artigas. De autoria do arquiteto Pedro Paulo de Melo Saraiva, a solução proposta modifica a original, entretanto, me pareceu brilhantemente elaborada ao resolver de forma simples os demais problemas embutidos além da óbvia resolução das águas pluviais.
o projeto pode ser acessado neste link
abraço a todos
sexta-feira, 5 de junho de 2009
Multipalco 1
sexta-feira, 29 de maio de 2009
Uma oca moderninha!
Sinceramente, eu achei que essa oca moderninha “não dá”. Está certo que é sede de uma organização indígena, mas não precisava ser tão literal assim a transposição de idéia de oca, bom nem sei se precisava parecer com uma oca, o que eu sei é que o resultado foi pra mim um quiosque entre dois paredões brancos pra ficar moderninho...
Na minha opinião “rever conceito”.
Projeto: Escritório Brasil Arquitetura. (Francisco Fanucci e Marcelo Ferraz)
http://www.arcoweb.com.br/arquitetura/brasil-arquitetura-foirn---20-05-2009.html
quinta-feira, 21 de maio de 2009
Palestra - Edifícios icônicos e lugares urbanos
Casa da Música - Rem Koolhaas
Fundação Iberê Camargo – Alvaro Siza
A palestra terá prosseguimento na terça-feira dia 26 de maio de 2009 no mesmo local e horário para resposta de perguntas e em seguida haverá a palestra do arquiteto Luiz Aydos sobre a Fundação Iberê Camargo de Alvaro Siza.
sábado, 2 de maio de 2009
sexta-feira, 24 de abril de 2009
Bela casa
Lembrando que a função deste blog é discutir arquitetura, e as opiniões expressas aqui são apenas opiniões particulares, longe de acharmos que um ou outro é dono da verdade. Se alguém discorda de algo que foi escrito aviso que o site está aberto para toda e qualquer opinião.
sexta-feira, 17 de abril de 2009
sexta-feira, 10 de abril de 2009
Arquitetura que emociona
Belíssimo prédio!
http://www.youtube.com/watch?v=VQIuh4rMbBQ
quarta-feira, 8 de abril de 2009
Star System - projetos polêmicos
Deixo varias perguntas:
- Isto seria feito no intuito de estimular a arquitetura local a elevar o seu nível, e se for o caso consegue obter o resultado esperado?
- Seriam estes projetos direcionados, um modo de valorizar o edifício a ser construído com a “assinatura de um arquiteto de renome”, dando assim dando a essa obra, desde o berço já a notoriedade na mídia e aumento no orçamento do projeto por maior arrecadação nas leis de incentivo a cultura (que eu tenho minhas duvidas da validade, mas isso é outra questão) visto que as empresas dão mais atenção a estes projetos por saber que eles serão mais expostos na mídia e seu nome será mais vezes vinculado nessa “propaganda grátis” que é o “incentivo”?
- Essa pratica realmente tem valor? Um concurso aberto não poderia revelar novos arquitetos de valor, com propostas de valor?
Pensem nisso como “provocações” que surgiram com os debates da postagem anterior.
Segue abaixo o link e o texto inicial do fórum da Arcoweb.
Herzog e De Meuron em São Paulo
O escritório dos arquitetos suíços Jacques Herzog e Pierre De Meuron foi contratado pelo governo do estado de São Paulo para projetar a sede da São Paulo Companhia de Dança no centro da capital paulista.Orçado em 300 milhões de reais, dos quais entre 6,5% e 8,5%, ou seja até 25 milhões, serão cobrados pelo projeto.No Rio temos a Cidade da Música do francês Christian de Portzamparc, obra bancada pela prefeitura e que está sob investigação, orçada inicialmente em 80 milhões de reais com gastos chegando em 500 milhões.Em Porto Alegre temos o Instituto Iberê Camargo do português Álvaro Siza, construído com recursos privados e que rendeu ao seu autor o Leão de Ouro da Bienal de Veneza.São grandes nomes reconhecidos mundialmente que conseguiram emplacar projetos diferenciados no Brasil. No entanto, ao arquiteto brasileiro é ensinado que a nossa é mais simples do que a feita no exterior e que para nós é impensável realizar obras de tal escalão, etc. Bom, juntamente com pouquíssimos edifícios projetados por brasileiros, dentre eles se destacando ainda os projetos de um arquiteto centenário, os projetos mencionados acima provam que essa é apenas mais uma desculpa pela mediocridade presente na arquitetura brasileira. Ou seja, é possível sim, criar arquitetura de ponta em todos os sentidos no Brasil. Ou será que estou enganado?Por outro, são notórias as particularidades político-econômicas e sociais em que tais obras foram ou estão sendo realizadas. Denúncias de corrupção de entidades públicas, superfaturamento, desrespeito às entidades e dos processos legais requeridos, licitação, concurso, transparência de gastos, etc., posicionamento contrário dos profissionais locais para a contratação de escritórios estrangeiros, entre tantos outros problemas acompanham o desenvolvimento dos projetos mencionados acima.Apesar disso não ser uma exclusividade nacional, será que não é possível realizar um projeto desse tipo de uma forma mais transparente e coerente?
27/02/2009
Arq. Martin Pratini, Arquiteto - São Paulo
http://www.arcoweb.com.br/index.php?option=com_arcoforum&topic=314
Arquitetos suíços convidados para projeto polêmico
Legenda da foto: Jacques Herzog (à esquerda) e Pierre de Meuron, fotografos em 2003, em Basiléia. (Keystone)
Estrelas da arquitetura mundial, os suíços Jacques Herzog e Pierre de Meuron foram convidados para seu primeiro projeto no Brasil, em São Paulo.
O problema é que não houve concorrência pública para o projeto, o que acabou provocando uma grande polêmica no país.
Reconhecidos e respeitados por seus pares há muitos anos, os arquitetos suíços Jacques Herzog e Pierre de Meuron foram alçados à condição de estrelas internacionais após assinarem projetos de grande visibilidade, como a Tate Modern de Londres e o Estádio Olímpico de Pequim (conhecido como Ninho do Pássaro), entre outros.
Tanto prestígio fez com que o governo do estado de São Paulo convidasse no fim de 2008 o escritório Herzog & De Meuron para participar de seu primeiro grande projeto no Brasil, o Teatro da Dança e da Ópera de São Paulo. Mas, a escolha, feita sem que fosse aberto um processo de licitação pública, acabou provocando uma grande polêmica no país.
De um lado, associações representativas dos arquitetos brasileiros protestam contra a escolha de profissionais estrangeiros e criticam o montante que será pago pelo governo paulista ao escritório suíço. De outro, o alto custo estimado para o projeto faz com que os opositores do governador José Serra, candidato declarado à Presidência da República, o critiquem por fazer uso eleitoral da obra.
Projetado para ser a futura sede da São Paulo Companhia de Dança e do Centro de Estudos Musicais Tom Jobim, o Teatro da Dança e da Ópera será erguido no terreno onde está situada a antiga rodoviária da capital paulista, atualmente um shopping, no histórico bairro da Luz.
O complexo, segundo a Secretaria de Cultura de São Paulo, ocupará uma área de cerca de 20 mil metros quadrados e abrigará salas de ensaio, uma biblioteca e um espaço para aulas de dança, além de três teatros. O principal terá capacidade para cerca de 1,8 mil espectadores, enquanto os outros dois terão 600 e 450 lugares, respectivamente.
O custo total estimado pelo governo estadual para o projeto de construção do Teatro da Dança e da Ópera de São Paulo é de R$ 300 milhões. Segundo a Secretaria de Cultura, o contrato firmado com o escritório Herzog & De Meuron prevê o pagamento de uma comissão entre 6,5% e 8,5% desse valor, o que significa algo entre R$ 19,5 milhões e R$ 25,5 milhões.
Críticas ao custo
Considerado como demasiado alto, este valor provocou a ira de parte dos arquitetos brasileiros. O Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) decidiu enviar uma petição ao secretário estadual de Cultura de São Paulo, João Sayad, "solicitando esclarecimentos sobre a forma de contratação do escritório internacional".
Em nota pública, a presidente da IAB-SP, Rosana Ferrari, afirma que o instituto pediu ao seu "Grupo de Licitação" - composto pelos arquitetos Altamir Fonseca, Anne Marie Sumner e Hector Ernesto Vigliecca - que emitisse "um parecer técnico, estudando melhor o que aconteceu e até onde essa situação está em desacordo com a nossa legislação".
Em uma outra iniciativa, dois renomados arquitetos paulistas, Euclides Oliveira e Pitanga do Amparo, enviaram uma petição aberta ao governador José Serra para apresentar "algumas considerações" sobre o que definem como "a contratação irregular do escritório de arquitetura suíço superstar Herzog & De Meuron".
Além de acusarem Serra de visar "um mais que manjado 'Efeito Bilbao' de caráter eleitoreiro" com a construção do Teatro da Dança e da Ópera, Oliveira e Amparo criticam o valor que será pago aos suíços pelo projeto: "Pretende o governo pagar ao Herzog & De Meuron R$ 25 milhões pelo projeto, enquanto paga aos nossos arquitetos, por exemplo, cerca de R$ de 15 mil por projeto de escola de segundo grau com 15 salas de aula, o que não deixa de ser uma afronta à nossa categoria profissional", diz a petição.
Governo se defende
O Governo de São Paulo se defende das críticas afirmando que a escolha do escritório suíço está amparada pela Lei Federal 8.666, de 1993, que determina ser "inexigível a licitação quando houver inviabilidade de competição para a contratação de serviços técnicos de natureza singular, com profissionais ou empresas de notória especialização".
Determinada a não alimentar a polêmica, a Secretaria de Cultura de São Paulo evita falar sobre o assunto. Em comunicado à imprensa, o secretário João Sayad afirmou que dispensou a licitação pública "porque isso engessaria a possibilidade de alterar o projeto". Sobre a escolha da prestigiada dupla suíça, Sayad afirmou que "queríamos nomes notáveis".
Conclusão em 2010
Procurado pela reportagem da swissinfo, o escritório Herzog & De Meuron também foi sucinto nas informações e evitou tocar na polêmica: "Jacques Herzog e Pierre de Meuron estão apenas começando a trabalhar no desenvolvimento do projeto do Teatro da Dança e Ópera de São Paulo, por isso ainda é muito cedo para divulgar desenhos ou estudos sobre o projeto neste momento", informou Jolanda Meyer, gerente de Comunicações do escritório de arquitetura.
Na única declaração publicada na imprensa brasileira desde que foi anunciada a escolha feita pelo governo paulista, Pierre de Meuron afirmou ao jornal Folha de São Paulo que não vê a hora de dar início ao seu primeiro projeto no Brasil: "Tenho ótimas lembranças do Brasil, de Brasília, de São Paulo. Agora, há uma boa perspectiva para voltar e me envolver mais com as pessoas. Como acontece em todos os nossos projetos, precisamos conhecer melhor a cidade onde vamos trabalhar, analisar, compreender, olhar a região", disse.
Os arquitetos suíços devem apresentar seu projeto ao Governo de São Paulo até o fim de março e, para tanto, já organizam a montagem de uma filial de seu escritório com cerca de 20 profissionais na capital paulista.
As obras devem começar no segundo semestre de 2009 e têm término previsto para o final de 2010. Para facilitar seu trabalho, Herzog e De Meuron contarão com um estudo de cerca de 200 páginas realizado pela empresa inglesa Theatre Projects Consultants, que é especialista na construção de teatros e responsável por cerca de 300 projetos de teatro em todo o mundo.
swissinfo, Maurício Thuswohl, Rio de Janeiro
http://www.swissinfo.ch/por/capa/Arquitetos_suicos_convidados_para_projeto_polemico.html?siteSect=107&sid=10229716&cKey=1232869410000&ty=st
quarta-feira, 1 de abril de 2009
Nova Sede da AACRT
segunda-feira, 23 de março de 2009
Nova Ponte do Guaíba
Está em tramitação na Assembléia a possível aprovação de um projeto para nova do Guaíba. Estudo elaborado pela Concepa, a concessionária da BR-290. Quanto sua qualidade arquitetônica, fico com minhas dúvidas, apesar de ser, ainda, simplesmente uma maquete. Conto com a colaboarção dos amigos para um discussão.
Mais informações:
http://zerohora.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default.jsp?uf=1&local=1&newsID=a2386832.xml
sexta-feira, 20 de março de 2009
segunda-feira, 16 de março de 2009
terça-feira, 3 de março de 2009
CURTO E GROSSO - 01
Álvaro Siza: Faz pouco que um crítico me fez essa mesma pergunta, e se surprendeu quando lhe respondi que gosto do Museu Guggenhein de Bilbao de Frank Gehry e um projeto recente de Eduardo Souto de Moura - a reabilitação como hotel do monasterio de Santa Maria de Bouro -. Me ocorreu perguntar ao crítico em questão: "Gostas da arquitetura românica? E se gosta, quer então dizer que te desgosta da arquitetura barroca?" Olhar o Guggenheim de Gehry resulta em mim um estimulo poderoso. A principio parece um formalismo gratuíto, mas uma vez que está dentro, já não parece. Alguns falam do "perigo" que supõe este edificio para os estudantes! Mas como pode um edificio tão bom ser um perigo em uma investigação que deve permanecer aberta?
Extraído da entrevista publicada na El Croquis n. 95
Paulo Mendes na Itália
http://www.designboom.com/weblog/cat/9/view/5607/paulo-mendes-da-rochas-seaside-dormitory-in-cagliari-italy-will-not-be-built.html
ab,
sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009
Notícia sobre o Pontal
quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009
The Crisis of Credit Visualized
The Crisis of Credit Visualized from Jonathan Jarvis on Vimeo.
Apesar de não ser um assunto vinculado à teoria de arquitetura, a crise do sub-prime parece que afetará de alguma forma a arquitetura no futuro. Vale a pena ver este video que apresenta a crise de forma didática com leves toques de sarcasmo.
abraço a todos
PS: esse video tirei de um blogue português de arquitetura a barriga de um arquitecto
terça-feira, 24 de fevereiro de 2009
Arte?
Sei que a questão custo é importante, mas será que as casas não podem adotar uma linguagem um pouco mais contemporâneas?
ps. Isso é arte?
quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009
POLÊMICA!
http://diplo.uol.com.br/2008-03,a2293
segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009
Crítica extra-muros
recebi por email o texto que segue abaixo, contribuição do nosso amigo Aydos, de quem copiei o título do post.
Vale a pena ler, apesar de ser uma crítica "meio batida" acho que ainda segue válida, pois são posturas que ainda não mudaram e creio que não vão mudar tão cedo na "gloriosa" arquitetura brasileira.
outros textos do mesmo autor podem ser encontrados em: http://marcelocoelho.folha.blog.uol.com.br/
o link do post (para quem quiser ler e/ou escrever comentários): http://marcelocoelho.folha.blog.uol.com.br/arch2009-01-25_2009-01-31.html
Niemeyer, Paulo Mendes da Rocha
por Marcelo Coelho em 29/01/09
Existe, como se sabe, uma burrice típica dos engenheiros, outra típica dos médicos, outra dos músicos... Mas a burrice dos arquitetos é menos comentada.
Com certeza, um clichê bastante antigo cerca a obra de Niemeyer: o grande arquiteto seria insuperável na criação de edifícios bonitos de se ver, e péssimos para morar.
Mesmo assim, ou talvez até por isso mesmo, Niemeyer tem sido um nome intocável: quem o critica está ligado a idéias antiquadas de conforto, e não merece morar nas obras feitas pelo gênio.
Qualquer um que critique os feitos de um arquiteto brasileiro se põe, assim, abaixo das alturas propostas pelo artista.
O problema é que, quando estamos diante de um quadro moderno, a atitude de “entender” ou “não entender” se esgota em si mesma; será um filisteu, um desinformado, quem “não entende”, ao passo que o privilegiado que “entende” nada sofrerá com isso; no máximo, terá gastado uma fortuna comprando o quadro estranho, a instalação esquisita, o vídeo incompreensível.
Na arquitetura, as coisas não se resumem, infelizmente, ao “entender” ou não. Uma casa, uma praça, uma cidade, são ao mesmo tempo coisas para ser “vistas”, “entendidas”, e “usadas”.
A autoridade da arquitetura moderna nasce de um paradoxo. No princípio, a ideia era subordinar tudo à funcionalidade, ao uso. Fez-se disso uma valor estético. Funcionalidade tornou-se despojamento e economia de materiais. Tornou-se “bonita” a parede lisa, sem ornamentos; a linha reta e cortante, nascida pura da prancheta. O risco inicial do arquiteto era sinal de sua pureza como artista.
Virou um fetiche de sua autoridade como criador; eis, em resumo, a história da modernidade, vista como liberação, e transformada em autoritarismo.
O desenho de Brasília já era, em seu nascimento, símbolo desta e de outras contradições. Aquela espécie de poema do espaço público democrático, concebida “genialmente” por Lucio Costa nos anos 50, adaptou-se perfeitamente à algidez tecnocrática e à desumanidade do regime militar na década de 70.
Eis que, aos 101 anos, Oscar Niemeyer concebe um adendo à Esplanada dos Ministérios. Quem viu o projeto se espanta: um trambolho gigantesco passará a vedar a perspectiva que se tinha da Esplanada.
É pelo menos saudável que a concepção de Niemeyer encontre, agora, resistências de toda parte. O “autor” de tantas obras belíssimas nem por isso dispõe de “autoridade” sobre a paisagem de Brasília.
Mas é como se um gênio da arquitetura tivesse o direito de romper, como tinha rompido há 50 anos, com o gosto da população.
Eis o arquiteto transformado em demiurgo, coisa que ele julgava ser desde sempre.
Estará sob suspeita de mesquinhez quem o contestar.
Niemeyer pode ser um gênio, mas não pode ter poder sobre uma cidade inteira.
O caso se aplica também a Paulo Mendes da Rocha, que embora tenha ganho o Prêmio Pritzker (espécie de Nobel da arquitetura), não é um gênio, nem tem de ser intocável pelo fato de dar seqüência à tradição purista da arquitetura brasileira.
O que Paulo Mendes da Rocha fez na Praça do Patriarca, em São Paulo, por exemplo, é um erro patente. Inventou uma espécie de plataforma curva coberta de branco, que para nada serve além de vedar a visão de conjunto da praça; trata-se de uma intrusão descomunal num espaço que deveria ser amigável e “urbano”, no sentido amplo do termo.
Mas os arquitetos exaltam suas próprias capacidades construtivas, seu próprio poder de interferência sobre o espaço. Seria preciso muita mobilização para reduzir Niemeyer e Paulo Mendes da Rocha (já não falo de Lina Bo Bardi, velho desafeto) ao papel que deveriam ter. Não o de totens, dotados de poder de vida ou morte sobre os lugares em que atuam, mas o de pessoas de talento, capazes de colocar esse talento a serviço de uma cidade mais humana, mais amigável, mais bonita, mais urbana.