terça-feira, 23 de setembro de 2008

Alvorada



O Palácio da Alvorada é ícone máximo da capital federal. Sua configuração horizontal arrematada pela capela alude às antigas casas de fazenda brasileiras, fazendo jus a seu uso contemporâneo, de abrigar o grande chefe da nação. A dialética entre tradição e inovação é materializada nesta obra, em que a abstração moderna serviu a citações de nosso passado, constituindo uma obra de rara pertinência e criatividade. Neste ano completou seu primeiro cinqüentenário.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Macaquinho



"Você pode ser gênio para seus puxa-sacos. Pra mim será sempre o macaquinho". Frase de Duprat, mais um dos amigos vagabundos de Niemeyer (desses que ele levou pra Brasília por não terem nem profissão definida).
Macaquinho era seu apelido na Escola de Belas Artes.

E agora?


Eles diziam que era um absurdo "dar as costas para o Guaíba"... As frases-feitas, o a priori, o pré-conceito... "como se diz bobagem com ar de coisa séria"...

sábado, 13 de setembro de 2008

Arquitetura ou Capital.

Texto que seria publicado no jornal Partido Geral editado por alunos da FAU-PUCRS em 2003. A edição acabou não saindo.


Arquitetura ou Capital.


Muito tem se reclamado dentro das escolas de arquitetura, dos prejuízos causados à sociedade pela arquitetura gerada pelo dito mercado imobiliário. Mas, na verdade, não se tem chegado ao cerne da questão. Comentam-se os equívocos como se fossem, somente, decorrentes de maus profissionais atuando nas grandes corporações imobiliárias.
O problema é, infelizmente, de fácil constatação, mas de difícil solução. A arquitetura, hoje, não é vista como um fim, e sim como um meio de acúmulo de capital. É vista como mais um tipo de investimento, considerando é claro, suas particularidades. Investe-se em construção civil como se investe em ações de alguma empresa, ou em alguma moeda. Basta observar que os indicadores da construção civil comparecem sempre nos informes econômicos.
A maioria esmagadora da arquitetura produzida hoje é feita por grandes incorporadoras existentes no mercado que buscam a total racionalização e o controle da produção, para que o capital investido não seja desperdiçado, e que este gere o maior retorno financeiro possível.
Os métodos de racionalização da construção não levam a um prejuízo no aspecto do controle do desperdício que, pelo contrário, são considerados, por mim, avanços importantes. Mas até mesmo este aspecto respeita a lógica da reprodução do capital, onde o montante investido tem que ser usado integralmente para gerar a maior produtividade possível. O prejuízo da racionalização acontece devido à extremada padronização de elementos e, o que é mais grave, a padronização de projetos, engessando a criatividade e a exploração de novas possibilidades arquitetônicas.
Atitudes tomadas em relação à segurança dos operários na obra, não são, simplesmente, preocupação com a integridade física dos mesmos, mas sim um método de evitar gastos não previstos devido a pagamento de indenizações, previstos em lei. Sem comentar toda a exploração imposta aos operários decorrida da divisão do trabalho na produção da arquitetura, que também respeita esta lógica, assunto que para ser desenvolvido necessitaria muito mais do que o espaço que me é oferecido.
Hoje em dia o mercado da construção civil exige do arquiteto soluções que nem sempre revelam uma boa arquitetura. Pesquisas de mercado forçam tanto soluções arquitetônicas quanto formais que muitas vezes são extremamente questionáveis, mas que na verdade acabam se tornando regras, causando um enorme prejuízo qualitativo na produção da arquitetura. Por exemplo, não é à toa que os prédios produzidos por incorporadoras são sempre robustos, pois esta tipologia se mostra mais barata em relação a outras que tentem valorizar outros fatores da arquitetura que não o fator econômico, encarado em primeiro plano nestes empreendimentos.
Simbologias baratas e colagens estilísticas são utilizadas desmesuradamente para passar uma falsa impressão de status e qualidade, conformando-se somente como elementos de propaganda.
A disputa entre as incorporadoras e construtoras se tornou tão acirrada que é impossível entrar nesta disputa sem que estas atitudes se incorporem a lógica de produção da empresa. A única saída para os arquitetos, hoje em dia, é obter notoriedade por algumas obras isoladas e então seu trabalho será procurado pelo que ele é e não pelo que deva ser (entenda-se o “deva ser” por todas as regras impostas para a maior reprodução do capital).
Em parte os arquitetos, como classe, são culpados também por esta situação, se fazendo necessária uma discussão aprofundada do tema e manifestações públicas de repúdio a este estado de coisas. Mas o certo é que nada será alterado enquanto a produção da arquitetura não estiver voltada para a própria arquitetura e não para a mera reprodução do capital.

O Insulto

É entristecedor que minha primeira postagem tenha que ser esta, mas ontem à noite eu fui insultado mais uma vez. Os agressores são conhecidos. Tem aparecido com freqüência na TV. São os mesmos que tem insultado a toda a população durante anos, e Deus sabe lá até quando.
Fui ao debate entre os candidatos à prefeitura de Porto Alegre promovido pelo Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB-RS). Procurava inteirar-me sobre as propostas dos candidatos acerca da cidade.
Não grande foi minha surpresa após o término do debate constatar que nenhuma das candidaturas tem preparo para emitir parca opinião sobre o assunto. Foi um show de propostas vagas e opiniões vazias sobre a cidade que pretendem governar. Muito hábeis na arte de falar sem dizer nada, expressaram todo o despreparo e desinteresse das candidaturas em relação ao palco das políticas de desenvolvimento do município, afinal, a infra-estrutura básica da saúde, educação, administração, etc..., dependem dos espaços providos para tanto pela cidade.
É óbvio que esta falta de interesse não é admitida pelos concorrentes, mas a prova dela é que todos os candidatos confirmaram presença. Onyx e Marchezan não apareceram. Fogaça, Luciana Genro, Manuela e Maria do Rosário mandaram seus vices. Vera Guasso compareceu, mas como muitos, saiu antes do fim.
Esta postura diante de nossa classe e dos problemas da nossa cidade demonstra a importância que essas candidaturas dão a cidade. Mas isto é sintomático de uma sociedade que desvaloriza a arquitetura e o urbanismo a ponto de torná-lo artigo de luxo. Mostrou-se mais uma vez porque nossa cidade é um caos que nem de perto preocupa os postulantes à prefeitura.
Aqui vai uma dica. Acho que valeria a pena gastar menos em propaganda e assessorar-se de profissionais que entendam do assunto e se afinem com o discurso, muitas vezes nebuloso, de cada partido. O problema é que isso não é uma preocupação. As alianças e articulações políticas são mais importantes do que os problemas físicos da cidade.
Cabe aqui criticar os colegas também. A platéia foi pífia. Como cobrar algo se nem mesmo nós que deveríamos ser os defensores da cidade e da arquitetura nos interessamos pelo que pensam os candidatos? Seremos todos conhecedores da precariedade da visão dos mesmos por isso não estamos dispostos de perder nosso tempo? Sinto-me melhor pensando que esta é a razão da precária participação.
Acho que caberia por parte da direção do IAB alguma nota endereçada a todas as candidaturas manifestando o descontentamento em relação ao que assistimos ontem, pois como entidade de classe tem o dever de zelar pelo interesse dos arquitetos. Deveria exigir propostas mais concretas para a solução dos problemas da arquitetura da cidade.

Confesso que depois deste insulto não vou votar em ninguém, e aconselho a todos o mesmo. Já que jogaram cocô em mim, junto a bosta do chão e jogo de volta.
TOOOOMA!!!!!!!