segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

International Style


Certa vez eu e o Marcos andávamos pelo campus da PUC, na época da faculdade. Estávamos indo para o saudoso Sbórnia tomar umas cervejinhas e, num momento de genialidade, o amigo aponta para uma casinha de João-de-Barro e diz: "Cara, tu já parou pra pensar que uma casa de João-de-Barro é exemplo perfeito de International Style? O sonho do Mies era ser tão internacional assim..."

sábado, 27 de dezembro de 2008

Por onde andará o Rodriguinho?

Mas por onde mesmo andará o Rodriguinho?

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Monumento

Este é um monumento recentemente inaugurado em São Pedro do Butiá, no interior do Estado. Parece que tem até capelinha no seu interior. Tem aproximadamente 30 metros de altura. Um luxo.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Cidade Baixa Vive


Estava eu tomando uma cerveja entre amigos em um bar da Cidade Baixa há umas semana atrás quando avisto na rua algumas pessoas carregando cartazes. De relance o que me chamou a atenção foram as ilustrações do Santiago, famoso ilustrador da cidade. Mostravam imagens de um edifício personificado em situação de conflito acompanhado dos dizeres: "Diga não ao espigão"! Minutos depois um senhor passa de mesa em mesa entregando um panfleto da manifestação contra o tal espigão.

Pra resumir, o senhor era o próprio Santiago, morador da Cidade Baixa, insatisfeito com a contrução de um edíficio de 19 andares em frente do centro comercial Olaria. De 19 ANDANRES!!! Não é injustificado o protesto. Por sorte a obra esbarrou na SMAM em função de umas árvores dentro do terreno tombadas por lei. O que não é um enorme problema para estas construtoras que logo vão dar um "jeitinho". São capazes de matar a mãe pra levandar uma pica no meio da cidade.

No site do movimento é possível encontrar mais informações, inclusive votar o abaixo assinado contra o espigão.

http://www.cidadebaixavive.com.br/

Sei que não é a primeira vez e não será a última, mas eis que surje a questão: Quanto tempo mais a cidade vai aguentar esse tipo de coisa?

Eu só espero não viver mais nesta cidade quando problemas semelhantes aos da cidade de São Paulo aparecerem.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Morre Jørn Utzon (1918-2008)


No último dia 29 de novembro, morreu o arquiteto dinamarquês Jørn Utzon. Autor da famosa Opera de Sydney e de outros projetos menos conhecidos, porém não menos relevantes. E aqui gostaria de mencionar em especial a sua Igreja em Bagsværd que apresenta uma série de ambivalências colocando-a entre os mais instigantes edifícios do gênero no século XX.

Seguem alguns links abordando a notícia da morte de Utzon e a igreja de Bagsværd.

http://www.vitruvius.com.br/drops/drops25_04.asp

http://www.arcspace.com/architects/utzon/bagsvaerd.htm

http://www.aplust.net/permalink.php?atajo=jorn_utzon_bagsvaerd_church_copenhagen

http://www.pushpullbar.com/forums/showthread.php?t=1950

http://flickr.com/groups/utzon/pool/

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Nova Biblioteca da PUC-RS



Essa é a nova Biblioteca da PUC. Projeto do nosso antigo professor Henrique Rocha. Visitei o prédio e me surpreendi pela tecnologia empregada nos diversos setores. Posto aqui a foto para considerações quanto sua arquitetura. Eu particularmente, achei interessante alguns aspectos.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Teatro Popular


Teatro Popular de Marechal Hermes
Afonso Eduardo Reidy, 1950.
Pequeno teatro popular, localizado em bairro pobre do Rio de Janeiro, obra importante do arquiteto carioca. A concepção plástico-estrutural alia-se a funcionalidade em que todos os elementos arquitetônicos estão em harmonia. Uma obra prima esquecida.

domingo, 23 de novembro de 2008

What is this?


Is this (good) architecture?

sábado, 15 de novembro de 2008

Pontal

Ainda bem que temos esse blog pra desabafar.
O que foi aquilo na câmara de vereadores esta semana que passou??!!!
Parecia um gre-nal fechado numa casa de cinema, muito longe de um exemplo de democracia. Ainda mais porque os únicos que tinham direito a voto são eleitos de 4 em 4 anos a partir de uma eleição que não passa de um bombardeio de propaganda com o objetivo de tornar esses ilustres desconhecido pessoas com muito menos defeitos do que realmente possuem (isso para ser bastante brando)
Vamos ser claros, por favor. Mesmo que os vereadores que propõe e defendem o projeto proposto do Pontal do Estaleiro se revoltem com a suspeita de favorecimento dos mesmos para a aprovação do projeto, eles deveriam no mínimo considerar a estranheza da maioria da população com relação ao episódio.
Simplesmente este projeto surge com urgência maior do que a votação na Câmara de Vereadores da revisão do próprio plano diretor de Porto Alegre.
Por que esta urgência toda?
Este tipo de projeto, por lei, deveria ser encaminhado pelo executivo com parecer das secretarias envolvidas. Mais uma vez a prefeitura se cala.
Outra pergunta:
Continuaremos construindo nossa cidade como uma colcha de retalhos sem um planejamento amplo de desenvolvimento?
A orla do Guaíba já deveria ter um planejamento de uso e ocupação há muito tempo, porém, nosso plano diretor deixa uma enorme lacuna com relação a este espaço importante de nossa cidade.
Deveríamos reunir planejadores, a população e os órgãos competentes para discutir um plano de desenvolvimento para essa área que aproveitasse o potencial do local sem prejuízo aos aspectos ambientais.
O estudo apresentado para aprovação na câmara me parece impalpável para uma avaliação mais aprofundada. Além de não termos uma direção, ou intenções de desenvolvimento para avaliar a proposta. Podemos identificar alguns aspectos que, na minha opinião não cabem naquele espaço. Por exemplo, a escala e hierarquia que tomaria o conjunto representando uma atividade nada excepcional de habitação coletiva. Talvez o local demandasse algo de maior importância para a cidade considerando os aspectos geográficos e o potencial do local.
A preservação ou criação de visuais adequadas para a participação mais efetiva da orla no espaço da cidade. Neste caso, não se tem consenso, talvez nem se tenha pensado em quais são as visuais a serem valorizadas, por isso a altura das edificações denotam esta falta de preocupação configurando um equivoco em princípio.
Em termos de qualidade de arquitetura nem vou entrar em detalhes, apenas saliento minha estranheza com a gratuidade da implantação e das formas utilizadas que, por sua plasticidade seriam melhor visualizadas e compreendidas de maneira isolada, e não agrupadas como na proposta.
Na questão ambiental confesso que não me sinto preparado para tecer comentário, mas acho que é imprescindível um estudo de impacto ambiental antes da aprovação de projeto de tal monta. O tratamento dos resíduos me parece um problema diferente do projeto arquitetônico, sempre considerando a premissa de que cocô e lixo concentrados em grandes quantidades não são um bom ponto de partida.
Tem se falado muito na questão desta proposta privatizar a orla. Acho que a maioria da população, assim como eu considera que esta interface com o Guaíba deva ser pública. A adoção de atividade mista, com a inserção de uso residencial, a principio, me parece interessante, possibilitando uma maior dinâmica populacional na região e aumentando a segurança a partir do auto-controle social (lembremos Jane Jacobs). Assim, não me parece que a inserção de moradias em locais apropriados da orla seja uma privatização da mesma. Acho que a polêmica passa muito mais por uma elitização da região, onde apartamentos de alto valor seriam apenas acessíveis a uma população mais abastada.
Bom, este problema me parece ser maior do que o próprio projeto. Façamos uma revolução socialista então. Eu apóio. De outra forma não vejo solução para o problema. Parece inevitável que as populações mais ricas migrem sempre para as áreas mais valorizadas. E ainda me permito uma pergunta surreal: Seriam os que são contra, a favor deste mesmo projeto se os prédios fossem ocupados por populações residentes na periferia de nossa cidade?
Insanidades a parte o saldo é idiota. Temos aprovado pelo legislativo municipal um projeto que serve apenas aos interesses especulativos, concebido sem atentar para uma intenção da população em um modo de ocupar e usufruir da orla de nosso lago, abrindo precedente jurídico para a proliferação indiscriminada de empreendimentos deste tipo. Isso tudo depois de uma baixaria generalizada dentro da casa do legislativo proporcionada pela ingerência do poder da especulação imobiliária passando por cima dos interesses ainda não claros da população de Porto Alegre. E assim vamos minguando.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Uma cidade privada

Fiquei aterrorizado ao ver essa matéria na Zero Hora de hoje (10/11/08). Na matéria esse empreendimento visto na matéria abaixo é chamado de “bairro privado”, para mim está muito mais para uma “cidade privada”. “Queremos fazer do “bairro” um modelo de segurança – antecipa o diretor da Rossi.”.
Finalmente as pessoas vão conseguir o que queriam, comprar uma seu pedacinho de terra em uma cidade excludente, onde não haverá pobreza ou criminalidade. Assim é fácil “resolver” os problemas, simplesmente fechando os olhos e dizendo que eles não existem.




http://zerohora.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default2.jsp?uf=1&local=1&source=a2288084.xml&template=3898.dwt&edition=11072&section=1008


ZERO HORA
10 de novembro de 2008

IMÓVEIS

Porto Alegre receberá projeto imobiliário de R$ 500 milhões
Com conceito de bairro empreendimento terá seis condomíniosUm megaempreendimento imobiliário deverá renovar a região próxima da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), na Capital. O projeto da incorporadora Rossi, orçado em R$ 500 milhões, deve ser lançado no primeiro semestre de 2009 e prevê oito quadras privativas em uma região de 300 mil metros quadrados na Avenida Ipiranga.

Ao todo serão seis condomínios residenciais fechados (composto por apartamentos e casas), além de duas quadras comerciais, incluindo edifício de escritórios, centro de compras e um hotel com cerca de 120 apartamentos. O projeto ainda não foi concluído, mas o objetivo é estabelecer um novo conceito urbanístico em Porto Alegre em áreas ainda não saturadas, segundo a construtora. De acordo com o diretor da Regional Sul da Rossi, Rodrigo Martins, o conceito adotado é de um bairro.

– Cada vez mais o desenvolvimento imobiliário passa por buscar grandes áreas disponíveis fora dos bairros tradicionais. Esses empreendimentos envolvem a criação do que chamamos de novos bairros. Essa é uma das grandes áreas disponíveis dentro de Porto Alegre e próxima de tudo. O conceito é de um parque-clube, com baixa ocupação, muita área verde e espaço de lazer – detalha o executivo, acrescentando que o prazo para a execução total do projeto será de oito anos.

Sistema de segurança será um dos diferenciais

O empreendimento, que ainda terá o nome definido, é o maior gerenciado pela construtora Rossi no Brasil e deverá gerar aproximadamente 3 mil empregos diretos. No segundo semestre de 2009, está previsto o início das obras dos dois primeiros condomínios, com prazo de 30 meses para conclusão a partir do começo da obra.

Em um dos condomínios serão construídas cerca de 40 casas e três edifícios de 12 pavimentos. Em cada andar, haverá quatro apartamentos.

O segundo condomínio também terá cerca de 40 casas e cinco prédios de 12 pavimentos: serão dois apartamentos por andar em uma das torres e quatro por andar nas demais. Os imóveis contarão com três ou quatro dormitórios, com preços ainda não definidos.

Cada condomínio terá sua estrutura de lazer própria, com piscina aberta e piscina coberta, quadra poliesportiva e quadra de tênis, academia de ginástica para os moradores e área de playground, entre outros diferenciais.

– Esse é um empreendimento voltado para as famílias. É um produto classe A, mas a gente quer torná-lo acessível também para uma boa faixa da classe média, lançando (os apartamentos e casas) com um valor competitivo – explica Martins.

Outro diferencial apresentado para o projeto está baseado em uma nova proposta de segurança privada para o local. Cada condomínio fechado terá controle e monitoramento próprios, mas a idéia é de que haja um segundo sistema de segurança para toda a região, com câmeras e vigilância.

– Queremos fazer do “bairro” um modelo de segurança – antecipa o diretor da Rossi.

sábado, 1 de novembro de 2008

P.Q.P.!!!!

Por favor. Peço a atenção dos amigos para o que vou comentar aqui.
Antes gostaria que déssemos uma olhada no link abaixo.
Trata-se do projeto de um complexo de um shopping center que já começou a ser executado ao lado do espetacular prédio do Hipódromo do Cristal.

http://www.barrashoppingsul.com.br/main.jsp?lumPageId=402880A312544CB3011254918DBA0B27

Confesso meu total espanto ao observar a segunda imagem de cima para baixo, na segunda coluna de imagens do projeto.
Gostaria de saber se a empresa responsável pelo empreendimento ignorou a existência das tribunas do hipódromo ou se planejam demolir tal edificação. De qualquer forma, qualquer uma das respostas é fruto da mais completa ignorância e estupidez arquitetônica já vista por estas bandas. Pasmem! Isto advindo de uma empresa que está participando da construção da cidade!!!
Não sou contra a idéia da construção de equipamentos públicos que venham a desenvolver e qualificar as áreas degradadas de nossa cidade (argumento corriqueiro colocado diante de reações em defesa de espaços de valor já consolidados). Pelo contrário, sou a favor. Mas o que exijo como arquiteto, é que tais equipamentos dialoguem de maneira saudável com os poucos espaços qualificados e de qualidade arquitetônica que ainda restam em Porto Alegre. O Hipódromo do Cristal é um deles.
Projetado pelo arquiteto uruguaio Roman Fresnedo Siri, foi vencedor de um concurso realizado em 1951, a partir da união do pensamento arquitetônico mais avançado da época e incorporando contribuições de várias correntes da arquitetura mundial, com a influência marcante da escola carioca de arquitetura moderna.
O prédio já foi objeto de várias publicações, cito aqui como exemplo o livro Arquiteturas Cisplatinas: Roman Fresnedo Siri e Eladio Dieste em Porto Alegre, de Carlos Eduardo Comas, Anna Paula Canez e Glênio Vianna Bohrer, onde são salientadas as qualidades arquitetônicas não só das tribunas como de todo o complexo do projeto de Siri.
É entristecedor visitar o Hipódromo do Cristal e constatar, além do seu estado de semi-abandono, que mais de 50 anos depois da concepção de seu projeto a arquitetura de Porto Alegre não é capaz de produzir edificação que atinja ínfima fração de sua qualidade.
Aquele trambolho (shopping) se impõe pela sua escala gigantesca e deixa claro o contraste de qualidade entre as duas edificações, além de não estabelecer quaisquer relações interessantes com a edificação preexistente, ainda pelo contrário, barra (será por isso o nome “Barra shopping”?) a visualização das tribunas a partir da Avenida Diário de Notícias.
A preocupação com a arquitetura parece, definitivamente, não fazer parte das características do empreendimento, tanto na relação com seu entorno quanto com relação aos próprios objetos propostos a serem implantados ali.
Somado a todo esse prejuízo à qualidade da arquitetura da cidade, ainda por cima estarrece que o pavilhão popular do hipódromo esteja sendo usado como refeitório para os funcionários da obra do empreendimento. Ironia catastrófica considerando o valor arquitetônico de ambos postos em uma balança.
E o que nos causa ainda maior indignação nisso tudo é a energúmena postura do “empreendedor” que não aproveita o potencial existente no entorno para alavancar o próprio empreendimento.
Por favor, eu pergunto, algum arquiteto trabalhou neste projeto???!!!!!!! Se a resposta for positiva eu aconselho: DEMITAM-NO AGORA!!!!!!!!!!!!
E a nossa querida prefeitura? Se aquela porcaria foi aprovada ali tenho certeza que ninguém entende de arquitetura por lá. Os órgãos públicos deveriam ser os primeiros a se manifestarem diante dessas aberrações cometidas contra a cidade, guiadas por um impulso comercial ensandecido.
E não me venham com as xurumelas de sempre de que a importância do empreendimento como instrumento impulsionador do desenvolvimento da região é mais importante do que um Hipódormo subutilizado, porque isso não é justificativa para a falta de qualidade arquitetônica do mesmo.
Eu tendo ao ateísmo, mas se os responsáveis pela inserção daquele projeto junto ao Jockey tem como crença corriqueira o catolicismo comecem a preocupar-se, pois o fogo do inferno aguarda.

Arquitetura de Interiores

Imagem retirada de um panfleto que estava sendo distribuído no semáforo.

Nada como viver numa casa de bonecas. Atentem para o mobiliário, e claro, o preço.

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Singela Citação

(título em homenagem ao meu amigo Guilherme)

"Lúcio é homem inteligente, sabe que consciência de valor é também consciência de limitação, que a realização e a frustração habitam o mesmo teto. Já em 52 quando o próprio êxito da arquitetura moderna parecia mostrar iminente a realização do sonho de um período de unidade, a frustração irrompia. Lúcio vê que o 'modernoso' emerge e fala que o grave desajuste tem como causa 'a circusntância de o movimento de renovação arquitetônica (no país) haver-se desenvolvido à revelia do ensino oficial, que passou a adotar o regime da liberdade desamparada do indispensável esclarecimento, como se a arquitetura contemporânea dita moderna fosse mera questão de licença ou de improvisação do capricho pessoal... e o ensino acadêmico apropriado... dispensável à boa formação profissional'. Há um quê de melancolia, irritação e justiça nessa observação e, infelizmente, relevância atual. O analfabetismo aumentou e a retórica sentimental tem quase sempre abafado a reflexão."

Citação extraída do texto "Lúcio Costa - da atualidade de seu pensamento" de autoria de Carlos Eduardo Dias Comas


Achei importante essa passagem, pois como o Comas fala no final, essa preocupação ainda se mantém atual. Além obviamente da clareza em que é colocada a questão.

abraço a todos.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Athos Bulcão

Se niemeyer foi o arquiteto e Lúcio Costa o urbanista de Brasília, Athos Bulcão foi seu artista/"decorador"/designer de superfície. Destaco duas citações extraídas de dois artigos sobre ele e algumas imagens de suas paredes.


A função dos azulejos é a de “amortecer a densidade das paredes a fim de tirar-lhes qualquer impressão de suporte”. Lúcio Costa (FREiTAS.1997)
“Quando não são empregados azulejos brancos, deixo igualmente a critério dos operários a livre disposição de um só elemento, uma só ‘letra do alfabeto’, para realizar uma escritura. Quando, em vez de uma ‘letra’ existem duas, a disposição do desenho será, também, livremente manejada”. Athos Bulcão(MORAIS, 1988)


Athos Bulcão


Instituto de Artes, UnB, Brasília.


Salão Verde.Congresso Nacional, Brasília.


Salão Verde.Congresso Nacional, Brasília.


MORAIS, Frederico. Azulejaria Contemporânea no Brasil. Editoração Publicações e Comunicação. São Paulo, 1988

FREITAS, Grace.Módulos em Expansão. Correio Braziliense. Brasília, 1997.

sábado, 11 de outubro de 2008

Artigo Museu Iberê Camargo

Posto aqui um singelo artigo de minha autoria, publicado no jornal A Razão, de Santa Maria, no dia 20 de setembro de 2008.

Nova sede da Fundação Iberê Camargo: uma visita necessária

Há poucos meses foi inaugurada a nova sede da Fundação Iberê Camargo, em Porto Alegre. Projetada por famoso arquiteto, o português Álvaro Siza Vieira, esta edificação, apesar de precoce, já figura entre os mais importantes prédios da atualidade, tendo seu projeto recebido o Leão de Ouro na Bienal de Arquitetura de Veneza, em 2002. A construção é, por si, verdadeira obra de arte. A brancura límpida de seu volume em concreto, bem como a pitoresca linha de suas curvas fazem o contraste necessário com o verde que a circunda, constituindo mais um objeto de destaque da cidade. As poucas e suficientes aberturas valorizam a paisagem, emoldurando uma Porto Alegre ainda ávida por arte e cultura.

O prédio protege a obra de Iberê Camargo, renomado pintor do século XX, o qual teve laços fortes com a cidade de Santa Maria. Nasceu em Restinga Seca em 1914 e passa a morar em Santa Maria no Bairro Itararé, na casa de sua avó Chiquinha, aos 13 anos de idade. Sua iniciação artística começa aqui, na antiga Escola de Artes e Ofícios, inicialmente com o professor Frederico Lobe e, mais tarde, Salvador Parlagrecco. Seu amigo de infância, Edmundo Cardoso, foi o detentor de poucas e raras obras desta primeira fase, sobreviventes do incêndio da escola. Faleceu em Porto Alegre, aos 79 anos, depois de longa e profícua carreira. De personalidade forte, sempre foi um agitador cultural, tendo exercido importante influência na intelectualidade de seu tempo. Materializou obras que ilustram as fragilidades e angústias da vida, através de seus famosos carretéis, ciclistas e idiotas. “Debruço-me sobre este misterioso poço, insondável, que existe em cada homem”, dizia o artista.

A visita ao museu é interessantíssima. No estacionamento sob a avenida Padre Cacique já se percebe que se trata de obra incomum, contando com paredes revestidas de azulejo holandês e forro de gesso. Saindo do mesmo, a grandiloqüência do volume branco fala por si, em uma caminhada sugestiva até a entrada. A apoteose se dá neste momento, em que o grande átrio mostra sua imponência. O percurso sugerido é de que se suba até o último pavimento por elevador e se desça pelas rampas, vislumbrando a inquieta obra de Iberê de um lado e a bela paisagem de Porto Alegre do outro. Uma aconchegante cafeteria completa o quadro, tendo como motivo principal a orla do Guaíba. A Fundação, além do museu, conta com toda a parte administrativa, ateliês, auditório e centro de documentação.

Sua visitação torna-se necessária e fundamental, tanto por abrigar as pinturas deste renomado artista quanto simplesmente por sua bela arquitetura. Iberê deve a Santa Maria o incentivo de seus primeiros traços e nós devemos a ele esta silenciosa e justa homenagem.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

depois daquele tatu

Desculpem-me postar esse texto que nada tem a ver com arquitetura. Mas é que é um dos textos mais espetaculares que já li na vida e gostaria de compartilhar com todos. Desculpem tb não falar aqui de Borges, Saramago ou Brecht. Pq a vida pra mim não foi a mesma depois daquele tatu.

Depois daquele “tatu”

Por Canfild que é o Vinícius

A semana passada em uma sinaleira, olhei para o lado e avistei uma bela mulher. Com culpa por minha atitude de macho, calhorda, “babaca” e babão disfarcei e fitei o infinito. O semáforo continuava vermelho, espiei novamente. Atônito, vislumbrei uma cena inesquecível. Um lindo rosto, com olhos escuros amendoados emoldurados por cabelos quase dourados, servia de tela para uma cena escatológica: a moça mexia freneticamente seu dedo em direção ao interior de sua narina direita.
O sinal abriu, ela continuou na busca desenfreada de algo dentro de si. Eu, também, não arranquei. As buzinas recriminavam nossa imobilidade. De repente ela conseguiu, retirou algo que grudou em seu dedo indicador e com o polegar amassou-o e como uma criminosa virou a cabeça para os lados para certificar-se da impunidade. Ao cruzarmos nossos olhares, sorriu com um ar de gozo e cumplicidade e jogou pela janela do carro aquela pequena bolinha. Imediatamente acelerou e sumiu.
Refletindo sobre o ocorrido, imaginei-a fazendo “cocô”. Senti o cheiro de seus refugos fisiológicos. Saboreei seu beijo matinal ao acordar com gosto de saliva putrefada. Sonhei com seu corpo e com orgasmo mútuo que nos proporcionamos. Pensei sobre as conversas “cabeça” e sobre a possível inseparabilidade de nossas almas e a ideal felicidade que viveríamos. Nosso mundo poderia ser compreendido, aqueles momentos haviam mudado nossas existências. Agora tudo seria possível.
Hás vezes enxergo assim a Psicologia, com suas qualidades e pecados, com suas múltiplas facetas e, também, com uma indivisibilidade, com características ilimitadas e infinitas. Talvez, as contradições e as não verdades sejam os motores de uma não ciência, que tenta ajudar-nos a sermos “cientes”.
A propósito, nunca mais a vi depois daquele “tatu”!

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Alvorada



O Palácio da Alvorada é ícone máximo da capital federal. Sua configuração horizontal arrematada pela capela alude às antigas casas de fazenda brasileiras, fazendo jus a seu uso contemporâneo, de abrigar o grande chefe da nação. A dialética entre tradição e inovação é materializada nesta obra, em que a abstração moderna serviu a citações de nosso passado, constituindo uma obra de rara pertinência e criatividade. Neste ano completou seu primeiro cinqüentenário.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Macaquinho



"Você pode ser gênio para seus puxa-sacos. Pra mim será sempre o macaquinho". Frase de Duprat, mais um dos amigos vagabundos de Niemeyer (desses que ele levou pra Brasília por não terem nem profissão definida).
Macaquinho era seu apelido na Escola de Belas Artes.

E agora?


Eles diziam que era um absurdo "dar as costas para o Guaíba"... As frases-feitas, o a priori, o pré-conceito... "como se diz bobagem com ar de coisa séria"...

sábado, 13 de setembro de 2008

Arquitetura ou Capital.

Texto que seria publicado no jornal Partido Geral editado por alunos da FAU-PUCRS em 2003. A edição acabou não saindo.


Arquitetura ou Capital.


Muito tem se reclamado dentro das escolas de arquitetura, dos prejuízos causados à sociedade pela arquitetura gerada pelo dito mercado imobiliário. Mas, na verdade, não se tem chegado ao cerne da questão. Comentam-se os equívocos como se fossem, somente, decorrentes de maus profissionais atuando nas grandes corporações imobiliárias.
O problema é, infelizmente, de fácil constatação, mas de difícil solução. A arquitetura, hoje, não é vista como um fim, e sim como um meio de acúmulo de capital. É vista como mais um tipo de investimento, considerando é claro, suas particularidades. Investe-se em construção civil como se investe em ações de alguma empresa, ou em alguma moeda. Basta observar que os indicadores da construção civil comparecem sempre nos informes econômicos.
A maioria esmagadora da arquitetura produzida hoje é feita por grandes incorporadoras existentes no mercado que buscam a total racionalização e o controle da produção, para que o capital investido não seja desperdiçado, e que este gere o maior retorno financeiro possível.
Os métodos de racionalização da construção não levam a um prejuízo no aspecto do controle do desperdício que, pelo contrário, são considerados, por mim, avanços importantes. Mas até mesmo este aspecto respeita a lógica da reprodução do capital, onde o montante investido tem que ser usado integralmente para gerar a maior produtividade possível. O prejuízo da racionalização acontece devido à extremada padronização de elementos e, o que é mais grave, a padronização de projetos, engessando a criatividade e a exploração de novas possibilidades arquitetônicas.
Atitudes tomadas em relação à segurança dos operários na obra, não são, simplesmente, preocupação com a integridade física dos mesmos, mas sim um método de evitar gastos não previstos devido a pagamento de indenizações, previstos em lei. Sem comentar toda a exploração imposta aos operários decorrida da divisão do trabalho na produção da arquitetura, que também respeita esta lógica, assunto que para ser desenvolvido necessitaria muito mais do que o espaço que me é oferecido.
Hoje em dia o mercado da construção civil exige do arquiteto soluções que nem sempre revelam uma boa arquitetura. Pesquisas de mercado forçam tanto soluções arquitetônicas quanto formais que muitas vezes são extremamente questionáveis, mas que na verdade acabam se tornando regras, causando um enorme prejuízo qualitativo na produção da arquitetura. Por exemplo, não é à toa que os prédios produzidos por incorporadoras são sempre robustos, pois esta tipologia se mostra mais barata em relação a outras que tentem valorizar outros fatores da arquitetura que não o fator econômico, encarado em primeiro plano nestes empreendimentos.
Simbologias baratas e colagens estilísticas são utilizadas desmesuradamente para passar uma falsa impressão de status e qualidade, conformando-se somente como elementos de propaganda.
A disputa entre as incorporadoras e construtoras se tornou tão acirrada que é impossível entrar nesta disputa sem que estas atitudes se incorporem a lógica de produção da empresa. A única saída para os arquitetos, hoje em dia, é obter notoriedade por algumas obras isoladas e então seu trabalho será procurado pelo que ele é e não pelo que deva ser (entenda-se o “deva ser” por todas as regras impostas para a maior reprodução do capital).
Em parte os arquitetos, como classe, são culpados também por esta situação, se fazendo necessária uma discussão aprofundada do tema e manifestações públicas de repúdio a este estado de coisas. Mas o certo é que nada será alterado enquanto a produção da arquitetura não estiver voltada para a própria arquitetura e não para a mera reprodução do capital.

O Insulto

É entristecedor que minha primeira postagem tenha que ser esta, mas ontem à noite eu fui insultado mais uma vez. Os agressores são conhecidos. Tem aparecido com freqüência na TV. São os mesmos que tem insultado a toda a população durante anos, e Deus sabe lá até quando.
Fui ao debate entre os candidatos à prefeitura de Porto Alegre promovido pelo Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB-RS). Procurava inteirar-me sobre as propostas dos candidatos acerca da cidade.
Não grande foi minha surpresa após o término do debate constatar que nenhuma das candidaturas tem preparo para emitir parca opinião sobre o assunto. Foi um show de propostas vagas e opiniões vazias sobre a cidade que pretendem governar. Muito hábeis na arte de falar sem dizer nada, expressaram todo o despreparo e desinteresse das candidaturas em relação ao palco das políticas de desenvolvimento do município, afinal, a infra-estrutura básica da saúde, educação, administração, etc..., dependem dos espaços providos para tanto pela cidade.
É óbvio que esta falta de interesse não é admitida pelos concorrentes, mas a prova dela é que todos os candidatos confirmaram presença. Onyx e Marchezan não apareceram. Fogaça, Luciana Genro, Manuela e Maria do Rosário mandaram seus vices. Vera Guasso compareceu, mas como muitos, saiu antes do fim.
Esta postura diante de nossa classe e dos problemas da nossa cidade demonstra a importância que essas candidaturas dão a cidade. Mas isto é sintomático de uma sociedade que desvaloriza a arquitetura e o urbanismo a ponto de torná-lo artigo de luxo. Mostrou-se mais uma vez porque nossa cidade é um caos que nem de perto preocupa os postulantes à prefeitura.
Aqui vai uma dica. Acho que valeria a pena gastar menos em propaganda e assessorar-se de profissionais que entendam do assunto e se afinem com o discurso, muitas vezes nebuloso, de cada partido. O problema é que isso não é uma preocupação. As alianças e articulações políticas são mais importantes do que os problemas físicos da cidade.
Cabe aqui criticar os colegas também. A platéia foi pífia. Como cobrar algo se nem mesmo nós que deveríamos ser os defensores da cidade e da arquitetura nos interessamos pelo que pensam os candidatos? Seremos todos conhecedores da precariedade da visão dos mesmos por isso não estamos dispostos de perder nosso tempo? Sinto-me melhor pensando que esta é a razão da precária participação.
Acho que caberia por parte da direção do IAB alguma nota endereçada a todas as candidaturas manifestando o descontentamento em relação ao que assistimos ontem, pois como entidade de classe tem o dever de zelar pelo interesse dos arquitetos. Deveria exigir propostas mais concretas para a solução dos problemas da arquitetura da cidade.

Confesso que depois deste insulto não vou votar em ninguém, e aconselho a todos o mesmo. Já que jogaram cocô em mim, junto a bosta do chão e jogo de volta.
TOOOOMA!!!!!!!