sábado, 1 de novembro de 2008

P.Q.P.!!!!

Por favor. Peço a atenção dos amigos para o que vou comentar aqui.
Antes gostaria que déssemos uma olhada no link abaixo.
Trata-se do projeto de um complexo de um shopping center que já começou a ser executado ao lado do espetacular prédio do Hipódromo do Cristal.

http://www.barrashoppingsul.com.br/main.jsp?lumPageId=402880A312544CB3011254918DBA0B27

Confesso meu total espanto ao observar a segunda imagem de cima para baixo, na segunda coluna de imagens do projeto.
Gostaria de saber se a empresa responsável pelo empreendimento ignorou a existência das tribunas do hipódromo ou se planejam demolir tal edificação. De qualquer forma, qualquer uma das respostas é fruto da mais completa ignorância e estupidez arquitetônica já vista por estas bandas. Pasmem! Isto advindo de uma empresa que está participando da construção da cidade!!!
Não sou contra a idéia da construção de equipamentos públicos que venham a desenvolver e qualificar as áreas degradadas de nossa cidade (argumento corriqueiro colocado diante de reações em defesa de espaços de valor já consolidados). Pelo contrário, sou a favor. Mas o que exijo como arquiteto, é que tais equipamentos dialoguem de maneira saudável com os poucos espaços qualificados e de qualidade arquitetônica que ainda restam em Porto Alegre. O Hipódromo do Cristal é um deles.
Projetado pelo arquiteto uruguaio Roman Fresnedo Siri, foi vencedor de um concurso realizado em 1951, a partir da união do pensamento arquitetônico mais avançado da época e incorporando contribuições de várias correntes da arquitetura mundial, com a influência marcante da escola carioca de arquitetura moderna.
O prédio já foi objeto de várias publicações, cito aqui como exemplo o livro Arquiteturas Cisplatinas: Roman Fresnedo Siri e Eladio Dieste em Porto Alegre, de Carlos Eduardo Comas, Anna Paula Canez e Glênio Vianna Bohrer, onde são salientadas as qualidades arquitetônicas não só das tribunas como de todo o complexo do projeto de Siri.
É entristecedor visitar o Hipódromo do Cristal e constatar, além do seu estado de semi-abandono, que mais de 50 anos depois da concepção de seu projeto a arquitetura de Porto Alegre não é capaz de produzir edificação que atinja ínfima fração de sua qualidade.
Aquele trambolho (shopping) se impõe pela sua escala gigantesca e deixa claro o contraste de qualidade entre as duas edificações, além de não estabelecer quaisquer relações interessantes com a edificação preexistente, ainda pelo contrário, barra (será por isso o nome “Barra shopping”?) a visualização das tribunas a partir da Avenida Diário de Notícias.
A preocupação com a arquitetura parece, definitivamente, não fazer parte das características do empreendimento, tanto na relação com seu entorno quanto com relação aos próprios objetos propostos a serem implantados ali.
Somado a todo esse prejuízo à qualidade da arquitetura da cidade, ainda por cima estarrece que o pavilhão popular do hipódromo esteja sendo usado como refeitório para os funcionários da obra do empreendimento. Ironia catastrófica considerando o valor arquitetônico de ambos postos em uma balança.
E o que nos causa ainda maior indignação nisso tudo é a energúmena postura do “empreendedor” que não aproveita o potencial existente no entorno para alavancar o próprio empreendimento.
Por favor, eu pergunto, algum arquiteto trabalhou neste projeto???!!!!!!! Se a resposta for positiva eu aconselho: DEMITAM-NO AGORA!!!!!!!!!!!!
E a nossa querida prefeitura? Se aquela porcaria foi aprovada ali tenho certeza que ninguém entende de arquitetura por lá. Os órgãos públicos deveriam ser os primeiros a se manifestarem diante dessas aberrações cometidas contra a cidade, guiadas por um impulso comercial ensandecido.
E não me venham com as xurumelas de sempre de que a importância do empreendimento como instrumento impulsionador do desenvolvimento da região é mais importante do que um Hipódormo subutilizado, porque isso não é justificativa para a falta de qualidade arquitetônica do mesmo.
Eu tendo ao ateísmo, mas se os responsáveis pela inserção daquele projeto junto ao Jockey tem como crença corriqueira o catolicismo comecem a preocupar-se, pois o fogo do inferno aguarda.

9 comentários:

  1. pelo que está escrito na página, o projeto todo já está aprovado, mas sujeito a alterações, como aparece nas entrelinhas escondidas em destaque embaixo do texto.

    a imagem não deixa clara como será a ocupação, mas se tratando de um $hopping se espera a pior de todas.

    também fico impressionado como foi rápido para duplicar a diário de notícias em frente ao futuro shopping enquanto a duplicação da baltazar inaugurada esta semana levou 2 anos em obras.

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  2. São realmente lamentáveis todos os aspectos dessa "intervenção". Desde o tipo de programa que foi aprovado para essa área (um shopping) que do meu ponto de vista não vai gerar nenhuma relação nova com o Hipódromo, pois as pessoas vão ao shopping para consumir e ponto, não se explora o entorno...
    Ainda mais "esse" projeto de shopping...
    Só tenho que entender o momento de indignação do amigo e esperar pelo pior, pois as perspectivas apresentadas já são terriveis...imagina então como isso vai ficar na realidade!

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  3. Trg:
    Quanto a duplicação da Diário de notícias. a obra foi uma das contrapartidas exigidas pela prefeitura, foi realizada pelo grupo dono do shopping. por isso tão rápido.
    Agora, já que tu levantou esse assunto. Essa duplicação poderia ter sido feita logo no início da construção do shopping. Evitaria boa parte do transtorno a quem quer chegar/sair da zona sul causado pela concomitância entre a correria de acabar essa obra e a duplicação da avenida. Também com a duplicação sendo feita no inicio a logística da obra poderia ter sido muito mais tranqüila, sem dizer que faltou cuidado com a via pública por parte da construtora: antes de duplicarem o que existia da Diário quase foi destruída... deixaram em péssimas condições.
    Outra razão pra deixarem a duplicação pro final: a promoção do cirque du soleil. Se a duplicação estivesse pronta àquela altura, muita gente não ia deixar seus carros no estacionamento ao custo de 20 reais por veículo. Estranhamente a duplicação da via começou naquela época, com 'desculpas' para os acostamentos da avenida serem isolados, não permitindo com que as pessoas estacionassem em via pública.
    É foda, hein?! não precisa pensar muito pra vermos como esses caras são mal-intencionados e querem se apropriar do espaço público, ou até mesmo anular o mesmo.

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  4. É algo realmente lamentável. Mas como seria um projeto de um Shopping que se relacionasse com o Hipódromo? Será que seríamos capazes de fazer? Só uma praça de alimentação externa olhando para ele não seria o suficiente. E um joguinho volumétrico que citasse o mesmo, também. E aí, quem ar(risca) alguma coisa?

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  5. Este comentário foi removido pelo autor.

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  6. Só no teu comentário já citaste relações q poderiam ser mais interessantes do que as q aparecem lá. E acredito que existam muitas outras possibilidades de relações interessantes. Mas aquilo que tá lá tá mal!!!!!!!!!

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  7. Já foste lá? Podemos ir lá ver se a coisa ta mal mesmo... O problema é que, desde a faculdade, fomos ensinados a só criticar, criticar e criticar... será que não é o momento de vermos as coisas de outra forma? mais dialética?

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  8. Não precisa nem ir lá pra ver que é um liiiixo.
    Mas se tu quiser podemos ir lá sim, ...e criticar. AHAHA
    É interessante o contrasde daquela coisa com o hipódromo. Contraste de qualidade.

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