domingo, 23 de novembro de 2008

What is this?


Is this (good) architecture?

sábado, 15 de novembro de 2008

Pontal

Ainda bem que temos esse blog pra desabafar.
O que foi aquilo na câmara de vereadores esta semana que passou??!!!
Parecia um gre-nal fechado numa casa de cinema, muito longe de um exemplo de democracia. Ainda mais porque os únicos que tinham direito a voto são eleitos de 4 em 4 anos a partir de uma eleição que não passa de um bombardeio de propaganda com o objetivo de tornar esses ilustres desconhecido pessoas com muito menos defeitos do que realmente possuem (isso para ser bastante brando)
Vamos ser claros, por favor. Mesmo que os vereadores que propõe e defendem o projeto proposto do Pontal do Estaleiro se revoltem com a suspeita de favorecimento dos mesmos para a aprovação do projeto, eles deveriam no mínimo considerar a estranheza da maioria da população com relação ao episódio.
Simplesmente este projeto surge com urgência maior do que a votação na Câmara de Vereadores da revisão do próprio plano diretor de Porto Alegre.
Por que esta urgência toda?
Este tipo de projeto, por lei, deveria ser encaminhado pelo executivo com parecer das secretarias envolvidas. Mais uma vez a prefeitura se cala.
Outra pergunta:
Continuaremos construindo nossa cidade como uma colcha de retalhos sem um planejamento amplo de desenvolvimento?
A orla do Guaíba já deveria ter um planejamento de uso e ocupação há muito tempo, porém, nosso plano diretor deixa uma enorme lacuna com relação a este espaço importante de nossa cidade.
Deveríamos reunir planejadores, a população e os órgãos competentes para discutir um plano de desenvolvimento para essa área que aproveitasse o potencial do local sem prejuízo aos aspectos ambientais.
O estudo apresentado para aprovação na câmara me parece impalpável para uma avaliação mais aprofundada. Além de não termos uma direção, ou intenções de desenvolvimento para avaliar a proposta. Podemos identificar alguns aspectos que, na minha opinião não cabem naquele espaço. Por exemplo, a escala e hierarquia que tomaria o conjunto representando uma atividade nada excepcional de habitação coletiva. Talvez o local demandasse algo de maior importância para a cidade considerando os aspectos geográficos e o potencial do local.
A preservação ou criação de visuais adequadas para a participação mais efetiva da orla no espaço da cidade. Neste caso, não se tem consenso, talvez nem se tenha pensado em quais são as visuais a serem valorizadas, por isso a altura das edificações denotam esta falta de preocupação configurando um equivoco em princípio.
Em termos de qualidade de arquitetura nem vou entrar em detalhes, apenas saliento minha estranheza com a gratuidade da implantação e das formas utilizadas que, por sua plasticidade seriam melhor visualizadas e compreendidas de maneira isolada, e não agrupadas como na proposta.
Na questão ambiental confesso que não me sinto preparado para tecer comentário, mas acho que é imprescindível um estudo de impacto ambiental antes da aprovação de projeto de tal monta. O tratamento dos resíduos me parece um problema diferente do projeto arquitetônico, sempre considerando a premissa de que cocô e lixo concentrados em grandes quantidades não são um bom ponto de partida.
Tem se falado muito na questão desta proposta privatizar a orla. Acho que a maioria da população, assim como eu considera que esta interface com o Guaíba deva ser pública. A adoção de atividade mista, com a inserção de uso residencial, a principio, me parece interessante, possibilitando uma maior dinâmica populacional na região e aumentando a segurança a partir do auto-controle social (lembremos Jane Jacobs). Assim, não me parece que a inserção de moradias em locais apropriados da orla seja uma privatização da mesma. Acho que a polêmica passa muito mais por uma elitização da região, onde apartamentos de alto valor seriam apenas acessíveis a uma população mais abastada.
Bom, este problema me parece ser maior do que o próprio projeto. Façamos uma revolução socialista então. Eu apóio. De outra forma não vejo solução para o problema. Parece inevitável que as populações mais ricas migrem sempre para as áreas mais valorizadas. E ainda me permito uma pergunta surreal: Seriam os que são contra, a favor deste mesmo projeto se os prédios fossem ocupados por populações residentes na periferia de nossa cidade?
Insanidades a parte o saldo é idiota. Temos aprovado pelo legislativo municipal um projeto que serve apenas aos interesses especulativos, concebido sem atentar para uma intenção da população em um modo de ocupar e usufruir da orla de nosso lago, abrindo precedente jurídico para a proliferação indiscriminada de empreendimentos deste tipo. Isso tudo depois de uma baixaria generalizada dentro da casa do legislativo proporcionada pela ingerência do poder da especulação imobiliária passando por cima dos interesses ainda não claros da população de Porto Alegre. E assim vamos minguando.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Uma cidade privada

Fiquei aterrorizado ao ver essa matéria na Zero Hora de hoje (10/11/08). Na matéria esse empreendimento visto na matéria abaixo é chamado de “bairro privado”, para mim está muito mais para uma “cidade privada”. “Queremos fazer do “bairro” um modelo de segurança – antecipa o diretor da Rossi.”.
Finalmente as pessoas vão conseguir o que queriam, comprar uma seu pedacinho de terra em uma cidade excludente, onde não haverá pobreza ou criminalidade. Assim é fácil “resolver” os problemas, simplesmente fechando os olhos e dizendo que eles não existem.




http://zerohora.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default2.jsp?uf=1&local=1&source=a2288084.xml&template=3898.dwt&edition=11072&section=1008


ZERO HORA
10 de novembro de 2008

IMÓVEIS

Porto Alegre receberá projeto imobiliário de R$ 500 milhões
Com conceito de bairro empreendimento terá seis condomíniosUm megaempreendimento imobiliário deverá renovar a região próxima da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), na Capital. O projeto da incorporadora Rossi, orçado em R$ 500 milhões, deve ser lançado no primeiro semestre de 2009 e prevê oito quadras privativas em uma região de 300 mil metros quadrados na Avenida Ipiranga.

Ao todo serão seis condomínios residenciais fechados (composto por apartamentos e casas), além de duas quadras comerciais, incluindo edifício de escritórios, centro de compras e um hotel com cerca de 120 apartamentos. O projeto ainda não foi concluído, mas o objetivo é estabelecer um novo conceito urbanístico em Porto Alegre em áreas ainda não saturadas, segundo a construtora. De acordo com o diretor da Regional Sul da Rossi, Rodrigo Martins, o conceito adotado é de um bairro.

– Cada vez mais o desenvolvimento imobiliário passa por buscar grandes áreas disponíveis fora dos bairros tradicionais. Esses empreendimentos envolvem a criação do que chamamos de novos bairros. Essa é uma das grandes áreas disponíveis dentro de Porto Alegre e próxima de tudo. O conceito é de um parque-clube, com baixa ocupação, muita área verde e espaço de lazer – detalha o executivo, acrescentando que o prazo para a execução total do projeto será de oito anos.

Sistema de segurança será um dos diferenciais

O empreendimento, que ainda terá o nome definido, é o maior gerenciado pela construtora Rossi no Brasil e deverá gerar aproximadamente 3 mil empregos diretos. No segundo semestre de 2009, está previsto o início das obras dos dois primeiros condomínios, com prazo de 30 meses para conclusão a partir do começo da obra.

Em um dos condomínios serão construídas cerca de 40 casas e três edifícios de 12 pavimentos. Em cada andar, haverá quatro apartamentos.

O segundo condomínio também terá cerca de 40 casas e cinco prédios de 12 pavimentos: serão dois apartamentos por andar em uma das torres e quatro por andar nas demais. Os imóveis contarão com três ou quatro dormitórios, com preços ainda não definidos.

Cada condomínio terá sua estrutura de lazer própria, com piscina aberta e piscina coberta, quadra poliesportiva e quadra de tênis, academia de ginástica para os moradores e área de playground, entre outros diferenciais.

– Esse é um empreendimento voltado para as famílias. É um produto classe A, mas a gente quer torná-lo acessível também para uma boa faixa da classe média, lançando (os apartamentos e casas) com um valor competitivo – explica Martins.

Outro diferencial apresentado para o projeto está baseado em uma nova proposta de segurança privada para o local. Cada condomínio fechado terá controle e monitoramento próprios, mas a idéia é de que haja um segundo sistema de segurança para toda a região, com câmeras e vigilância.

– Queremos fazer do “bairro” um modelo de segurança – antecipa o diretor da Rossi.

sábado, 1 de novembro de 2008

P.Q.P.!!!!

Por favor. Peço a atenção dos amigos para o que vou comentar aqui.
Antes gostaria que déssemos uma olhada no link abaixo.
Trata-se do projeto de um complexo de um shopping center que já começou a ser executado ao lado do espetacular prédio do Hipódromo do Cristal.

http://www.barrashoppingsul.com.br/main.jsp?lumPageId=402880A312544CB3011254918DBA0B27

Confesso meu total espanto ao observar a segunda imagem de cima para baixo, na segunda coluna de imagens do projeto.
Gostaria de saber se a empresa responsável pelo empreendimento ignorou a existência das tribunas do hipódromo ou se planejam demolir tal edificação. De qualquer forma, qualquer uma das respostas é fruto da mais completa ignorância e estupidez arquitetônica já vista por estas bandas. Pasmem! Isto advindo de uma empresa que está participando da construção da cidade!!!
Não sou contra a idéia da construção de equipamentos públicos que venham a desenvolver e qualificar as áreas degradadas de nossa cidade (argumento corriqueiro colocado diante de reações em defesa de espaços de valor já consolidados). Pelo contrário, sou a favor. Mas o que exijo como arquiteto, é que tais equipamentos dialoguem de maneira saudável com os poucos espaços qualificados e de qualidade arquitetônica que ainda restam em Porto Alegre. O Hipódromo do Cristal é um deles.
Projetado pelo arquiteto uruguaio Roman Fresnedo Siri, foi vencedor de um concurso realizado em 1951, a partir da união do pensamento arquitetônico mais avançado da época e incorporando contribuições de várias correntes da arquitetura mundial, com a influência marcante da escola carioca de arquitetura moderna.
O prédio já foi objeto de várias publicações, cito aqui como exemplo o livro Arquiteturas Cisplatinas: Roman Fresnedo Siri e Eladio Dieste em Porto Alegre, de Carlos Eduardo Comas, Anna Paula Canez e Glênio Vianna Bohrer, onde são salientadas as qualidades arquitetônicas não só das tribunas como de todo o complexo do projeto de Siri.
É entristecedor visitar o Hipódromo do Cristal e constatar, além do seu estado de semi-abandono, que mais de 50 anos depois da concepção de seu projeto a arquitetura de Porto Alegre não é capaz de produzir edificação que atinja ínfima fração de sua qualidade.
Aquele trambolho (shopping) se impõe pela sua escala gigantesca e deixa claro o contraste de qualidade entre as duas edificações, além de não estabelecer quaisquer relações interessantes com a edificação preexistente, ainda pelo contrário, barra (será por isso o nome “Barra shopping”?) a visualização das tribunas a partir da Avenida Diário de Notícias.
A preocupação com a arquitetura parece, definitivamente, não fazer parte das características do empreendimento, tanto na relação com seu entorno quanto com relação aos próprios objetos propostos a serem implantados ali.
Somado a todo esse prejuízo à qualidade da arquitetura da cidade, ainda por cima estarrece que o pavilhão popular do hipódromo esteja sendo usado como refeitório para os funcionários da obra do empreendimento. Ironia catastrófica considerando o valor arquitetônico de ambos postos em uma balança.
E o que nos causa ainda maior indignação nisso tudo é a energúmena postura do “empreendedor” que não aproveita o potencial existente no entorno para alavancar o próprio empreendimento.
Por favor, eu pergunto, algum arquiteto trabalhou neste projeto???!!!!!!! Se a resposta for positiva eu aconselho: DEMITAM-NO AGORA!!!!!!!!!!!!
E a nossa querida prefeitura? Se aquela porcaria foi aprovada ali tenho certeza que ninguém entende de arquitetura por lá. Os órgãos públicos deveriam ser os primeiros a se manifestarem diante dessas aberrações cometidas contra a cidade, guiadas por um impulso comercial ensandecido.
E não me venham com as xurumelas de sempre de que a importância do empreendimento como instrumento impulsionador do desenvolvimento da região é mais importante do que um Hipódormo subutilizado, porque isso não é justificativa para a falta de qualidade arquitetônica do mesmo.
Eu tendo ao ateísmo, mas se os responsáveis pela inserção daquele projeto junto ao Jockey tem como crença corriqueira o catolicismo comecem a preocupar-se, pois o fogo do inferno aguarda.

Arquitetura de Interiores

Imagem retirada de um panfleto que estava sendo distribuído no semáforo.

Nada como viver numa casa de bonecas. Atentem para o mobiliário, e claro, o preço.