terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Entrevista Eduardo Souto de Moura

Zabalbeascoa: Quer dizer, então, que o Sr. acha que a 'sustentabilidade' é uma questão de gente rica ?

Moura: Não, é um problema dos maus arquitetos. Estes se preocupam sempre com temas secundários. Dizem coisas do tipo: "a Arquitetura é Sociologia, Linguagem, Semântica, Semiótica...". Inventaram a 'arquitetura inteligente' – como se o Partenón fosse estúpido –, e agora, a última moda é a 'arquitetura sustentável'. Tudo isso são variantes [complejos] da má Arquitetura. A Arquitetura não tem que ser 'sustentável'. A Arquitetura, para ser boa, já o é, implicitamente, sustentável. Nunca haverá uma boa arquitetura... que seja estúpida ! Um edifício em cujo interior as pessoas morram de calor, por mais elegante que seja, será sempre um fracasso. A preocupação com a 'sustentabilidade' denota, apenas, mediocridade. Não se pode elogiar um edifício por ser 'sustentável'. Seria como elogia-lo por ficar de pé!

extraído de entrevista postada no endereço
http://www.vivercidades.org.br/publique222/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=1285&sid=19

11 comentários:

  1. Que tá na moda é fato, pelo menos no discurso. Mas a visão do português me parece um pouco raivosa demais. Talvez o importante sejam as implicações compositivas que a questão da sustentabilidade possa trazer como inovação para a arquitetura contemporânea, no sentido do caráter, etc..

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  2. Só posso colocar meu comentário se o tarso colocar o dele antes, pois é uma resposta direta ao que ele escreveu. Como aquele lixo nunca posta nada, pode esquecer.

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  3. Já que o Angel não posta nada, vou colar aqui suas manifestações, que foram enviadas por e-mail.

    "As opiniões de vocês estão muito interessantes, mas me parece que há um certo temor em relação às mudanças que a arquitetura deva sofrer para se adaptar a um novo momento crucial na existência da humanidade.

    Eu não vejo, de forma alguma, que essas mudanças devam ser uma negação do passado. O desafio está, justamente em incorporar um novo aspecto, um novo complicador, no nosso já complexo ofício."

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  4. "Estima-se que os edifícios consomem aproximadamente 40% da energia gerada no planeta. Com isso, poderia se dizer que nós arquitetos somos diretamente responsáveis pelos danos ao ambiente natural, mas eu prefiro dizer que nós temos na mão uma grande oportunidade. Poderíamos mudar os rumos e fazer nascer algo completamente novo em certos sentidos. Ainda não faço idéia do que será isso. Mas não será igual às catastróficas cidades que conhecemos hoje."

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  5. "Acho que a arquitetura deve ser repensada em certos aspectos para que nós possamos diminuir um pouco o impacto que as nossas cidades causam no planeta. E essas mudanças não se resumem à banal aplicação de novos sistemas nos edifícios, mas talvez uma arquitetura capaz de “reconciliar homem e natureza por meios estéticos”. Certamente isso é assustador para nós todos que ainda pensamos e admiramos a arquitetura de outros tempos, em que as condições humanas e do planeta eram brutalmente distintas."

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  6. "Devemos separar a moda da sustentabilidade da real necessidade de tornar nosso ambiente construído (muito) mais amigável ao meio ambiente.Não é mais possível projetar e construir utilizando a mesma lógica das edificações e cidades do século passado num mundo em que a população já chega a 6 bilhões e meio de habitantes.

    E esse livro “Green Architecture” é muito bom. O termo é que está banalizado."

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  7. O professor Aydos assim se manifestou sobre o assunto:

    " A 'sustentabilidade' deve ser apenas uma variável (condicionante) da inovação. Será que Alhambra não é 'sustentável'; ou a Villa Shodan?

    Acho que o português tá certo, na medida que está havendo uma inversão de valores: o ecocaráter passou a ter primazia. Assim a arquitetura passa a ser mero veículo de uma ideologia. Nada mais reacionário...

    Não subestime esse português!"

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  8. Respondendo ao Angel escrevi isso:

    "Não acho que os arquitetos tenham poder para gerar tal mudança. Isso depende de algo maior do que nossa vontade. Enquanto isso tentamos nos promover com mais um fetiche para conquistarmos projeção profissional.
    Para mim esse papo de sustentabilidade não passa de mais um fetiche. O poder de salvar o mundo não está em nossas mãos. Não somos nós que decidimos entre o paraíso ou a hecatombe."

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