sábado, 11 de outubro de 2008

Artigo Museu Iberê Camargo

Posto aqui um singelo artigo de minha autoria, publicado no jornal A Razão, de Santa Maria, no dia 20 de setembro de 2008.

Nova sede da Fundação Iberê Camargo: uma visita necessária

Há poucos meses foi inaugurada a nova sede da Fundação Iberê Camargo, em Porto Alegre. Projetada por famoso arquiteto, o português Álvaro Siza Vieira, esta edificação, apesar de precoce, já figura entre os mais importantes prédios da atualidade, tendo seu projeto recebido o Leão de Ouro na Bienal de Arquitetura de Veneza, em 2002. A construção é, por si, verdadeira obra de arte. A brancura límpida de seu volume em concreto, bem como a pitoresca linha de suas curvas fazem o contraste necessário com o verde que a circunda, constituindo mais um objeto de destaque da cidade. As poucas e suficientes aberturas valorizam a paisagem, emoldurando uma Porto Alegre ainda ávida por arte e cultura.

O prédio protege a obra de Iberê Camargo, renomado pintor do século XX, o qual teve laços fortes com a cidade de Santa Maria. Nasceu em Restinga Seca em 1914 e passa a morar em Santa Maria no Bairro Itararé, na casa de sua avó Chiquinha, aos 13 anos de idade. Sua iniciação artística começa aqui, na antiga Escola de Artes e Ofícios, inicialmente com o professor Frederico Lobe e, mais tarde, Salvador Parlagrecco. Seu amigo de infância, Edmundo Cardoso, foi o detentor de poucas e raras obras desta primeira fase, sobreviventes do incêndio da escola. Faleceu em Porto Alegre, aos 79 anos, depois de longa e profícua carreira. De personalidade forte, sempre foi um agitador cultural, tendo exercido importante influência na intelectualidade de seu tempo. Materializou obras que ilustram as fragilidades e angústias da vida, através de seus famosos carretéis, ciclistas e idiotas. “Debruço-me sobre este misterioso poço, insondável, que existe em cada homem”, dizia o artista.

A visita ao museu é interessantíssima. No estacionamento sob a avenida Padre Cacique já se percebe que se trata de obra incomum, contando com paredes revestidas de azulejo holandês e forro de gesso. Saindo do mesmo, a grandiloqüência do volume branco fala por si, em uma caminhada sugestiva até a entrada. A apoteose se dá neste momento, em que o grande átrio mostra sua imponência. O percurso sugerido é de que se suba até o último pavimento por elevador e se desça pelas rampas, vislumbrando a inquieta obra de Iberê de um lado e a bela paisagem de Porto Alegre do outro. Uma aconchegante cafeteria completa o quadro, tendo como motivo principal a orla do Guaíba. A Fundação, além do museu, conta com toda a parte administrativa, ateliês, auditório e centro de documentação.

Sua visitação torna-se necessária e fundamental, tanto por abrigar as pinturas deste renomado artista quanto simplesmente por sua bela arquitetura. Iberê deve a Santa Maria o incentivo de seus primeiros traços e nós devemos a ele esta silenciosa e justa homenagem.

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